𝗖𝗹𝗼𝘀𝗲 𝗳𝗿𝗶𝗲𝗻𝗱𝘀•• 𝗚𝗮𝗯𝗶𝗴𝗼𝗹•• 𝟮° 𝘁𝗲𝗺𝗽.

TRINTA E QUATRO| bônus

Gustavo

Acho que meu cérebro trabalha mais rápido do que das outras pessoas.

Eu tenho milhares de pensamentos em segundos e isso as vezes acaba sendo ruim.

Por exemplo, enquanto o avião tá voando eu fico tendo pensamentos negativos, achando que a qualquer momento ele vai cair, ou até mesmo imaginando como seria se abrisse a janela de saída de emergência...

Não sei se isso um problema ou apenas imperatividade demais, o que não deixa de ser um problema também.

Tipo agora, meu cérebro de algum jeito decidiu pensar uma coisa que eu não concordo e tenho que ficar falando baixinho outra coisa totalmente ao contrário pra Deus não me cancelar.

Não é fácil ser eu.

É tudo culpa da escola!

Ainda bem que eu já encerrei meus estudos e por algum milagre passei de ano.

De repente o avião começa a tremer e meu cu já tranca.

- Puta merda- seguro a mão da Dhiovanna que acabou de acordar do sono profundo que ela caiu desde que saímos do Brasil. - MILENA PELO AMOR DE DEUS, VOCÊ TROUXE PARAQUEDAS- grito pra minha irmã que tá sentada com o Gabriel a umas três poltronas na nossa frente. Mas ela não responde.

O Fabinho não faço a mínima ideia de onde esteja sentado, mas ele é o que menos importa agora.

"Por favor apertem os cintos" uma voz que sai sei lá de onde avisa.

- Como se o sinto fosse resolver alguma coisa caso esse avião caia- resmungo e a Dhiovanna da um tapa no meu braço.

- Para de falar coisas negativas.

- Esse avião tá tremendo mais do que as estradas emburacadas da minha cidade, na minha mente eu já tô vendo o avião despencando e a gente virando farinha.

- Paraaaa- me olha bem brava e coloca o cinto- aperta o cinto, Gustavo.

- Eu quero um paraquedas e não sinto- bufo- caralhoooo- praticamente grito quando ele balança com mais força.

Se a gente sair vivo daqui eu paro de fumar maconha durante uma semana.

Não, melhor não fazer essa promessa porque se a gente sair vivo daqui eu não vou conseguir cumprir.

Se a gente sair vivo eu fico uma semana sem jogar Fifa. É isso.

Coloco o cinto com as mãos tremendo e fecho os olhos com força.

Alguma criança começa a chorar e eu fico mais nervoso ainda porque crianças tem esses bagulhos de sentirem as coisas. Na verdade eu não sei se tem mesmo, imaginei isso agora.

- Dhiovanna pelo amor de Deus, eu não quero morrer- olho pra ela que acaba rindo- não ri, cara, eu tô me cagando todo de medo.

- Calma, garoto, é só uma turbulência.

Nego com a cabeça e passo a mão no meu rosto.

Certeza que o Gabriel deve tá se mijando todo porque ele é cagado por medo de altura, então a situação dele deve estar pior que a minha.