TRINTA E TRÊS

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Milena

Você percebe que a viagem vai ter vários perrengues quando eles começam aparecer antes mesmo do embarque.

Estamos no trânsito e faltam apenas 20 minutos para o nosso vôo, o que me deixa extremamente desesperada porque se a gente perder, conseguir outro vai ser bem difícil.

- OH MOTORISTA, PODE CORRER- o Gustavo grita e eu me seguro pra não bater nele.

Ele tá falando desde quando saímos de casa, sério, não cala a boca por nada.

O Gabi decidiu alugar uma van pra não termos que se dividir em dois carros, aí veio todo mundo junto.

- PORQUE A GENTE NÃO TEM MEDO DE MORRER- a Dhiovanna completa- mentira, tenho sim.

Eles dividem o mesmo neurônio, não é possível.

O Gabi que tá sentado ao meu lado se afunda mais no banco e passa a mão no rosto.

Eu não tô raciocinando direito porque nem são sete horas da manhã ainda, quando acordei o dia nem tinha amanhecido.

Queria ser o Fabinho que tá capotado desde quando saímos de casa, mas eu não consigo dormir com tanto barulho assim.

- Ainda dá tempo de desistir?- o Gabi pergunta e eu dou risada.

- Agora já foi, gato, segura teus b.o.

Ele resmunga e deita a cabeça no meu ombro, automaticamente traz a mão até a minha barriga e faz um leve carinho.

- Amo vocês- susurra pertinho do meu ouvido e beija minha bochecha.

- A gente também te ama- susurro de volta.

"A gente" é doido saber que daqui pra frente vai ser assim. Eu, ele e esse bebê que está se gerando em meu ventre.

Na minha mente isso iria demorar muito pra acontecer, ou talvez nem acontecesse, e olha só agora.

Uns minutos depois chegamos até o aeroporto e a correria começou, saímos arrastando as malas feito uns doidos porque a primeira chamada do nosso vôo já tinha sido feita.

No meio do caminho o Gustavo quase se esborrachou no chão, a rodinha da mala do Fabinho quase quebrou, e eu acabei perdendo meu celular no chão, fora isso deu tudo certo e conseguimos embarcar.

- Tenho boas lembranças de avião- o Gabi diz assim que se senta no meu lado na poltrona.

Estamos viajando de primeira classe porque ele se recusou a ir na outra, eu já acho um dinheiro jogado fora já que a viagem nem é tão longa assim.

Quem tá gostando disso é o Gustavo que tá fazendo uma tour pelo avião e enchendo o saco da comissário que tem que responder todas as perguntas que ele faz.

- E se eu abrir a janelinha no meio do vôo, o que acontece?- ouço ele perguntando e olho rapidamente pra trás vendo a cara que a coitada da mulher faz. Ela deve ter acordado hoje achando que seria mais um dia normal de trabalho, aí aparece esse maluco.

O Gabriel ri e eu nem presto atenção na resposta dela, só me ajeito na poltrona e olho pela janelinha vendo o chão da pista.

𝗖𝗹𝗼𝘀𝗲 𝗳𝗿𝗶𝗲𝗻𝗱𝘀•• 𝗚𝗮𝗯𝗶𝗴𝗼𝗹•• 𝟮° 𝘁𝗲𝗺𝗽.Onde histórias criam vida. Descubra agora