Entre a selva de pedra e a cidade morena,
raízes diversas se criaram,
dois infantos de dar pena.
Ah, como eles pastaram.
Mas também brincaram.
No bairro das flores eles viviam,
futebol com a molecada da rua,
betz, suco, resenha. Não viam
o tempo passar. De noite a lua
encantava, céu aberto, se riam.
Cadeira pra fora, parecia que jamais morreriam.
Piscina, brinquedos, bola, mangueira,
pique e pega, a imaginação aflorava,
corriam, pulavam, gritaria, gastavam as estribeira,
amigos da rua, primos, eles amava,
calor latente, a gurizada se gastava.
Grilo, perereca, cobra cega, besouro,
o menor gostava de provocar,
momentos que valia ouro,
morcego Wendel, muito pra se amar,
pai matou o Wendel. Só sobrou chorar.
Água de coco no parque, bastante
capivara, natureza presente, uma paz
com validade se vivia. Um instante,
cresceriam e jamais notariam que jaz
a ingenuidade e o sorriso genuíno latente.
Dias de luta, dias de glória, passaram rente.
Senhor abençoou, saúde faltou,
mil parentes, encontros ficariam
pelo caminho. A maturidade chegou
acompanhada de nuvens que batalhariam
pelo sorriso dos pequenos. Calhou
de crescerem vivos, pais e Deus queriam
o melhor. Mas o que restou?
Vivências? Morte? Na memória, aquela alegria ficou.
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100 poemas de um paraquedista sem chão
PoetryNa perspectiva do alto, pode se ver muito de diversas formas | Mesmo aos poucos, algumas formas disformes | E com algum esforço | Pode se ver no nada, muito. . Poemas escritos entre julho de 2021 e abril de 2023.