O velório de um verme notívago

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Esses dias tomei vermífogo

Ô, que falha

Esqueci-me por completo

Do verme que sou

No corpo já estava repleto

Nos passos já sentia o árido

Na face já estava pálido

Já raiou a aurora

O caminho estava vazio

Não se via uma alma

Nem um bicho no cio

Nem um bandido na tocaia

Só havia um ego

Em cada pé, um prego

Que se arrastava nas passarelas

Cada passada, uma batida

De metal, osso e sangue ao chão

Ressoando com o vento em ação

Que no rebater das pontes e prédios

Juntos e harmonizados, se fazia uma canção

Um samba alegre

Para um corpo caído

De verme sorrindo

Velado sem choro nem vela

Somente com uma fita amarela


100 poemas de um paraquedista sem chãoOnde histórias criam vida. Descubra agora