Reis e rainhas estão mortos
Sobrou até para o Papa
Artistas deixaram de cantar
Famílias se abraçaram pela última vez
Milhões ficaram pelo ano
Um ceifador microscópico
Filas intermináveis em portas celestiais
Anjos da morte incansáveis trabalham
A serviço do inevitável
Tão conhecida pelo homem
Ao mesmo tempo tão estranha
Tão natural, tão mortal
Tão certa e ainda assim, amedrontadora
Como podemos ainda temer
Algo tão previsível,
Simplesmente inevitável?
Sonhamos com portões dourados
Mas tememos sermos chamados
Até a quem espera o nada
Teme a tal porta escancarada
Talvez seja por isso
Seja pelo nada
É estranho o não conhecer
Seja pelo eterno
É estranho deixar de ser
Aos que foram, basta atravessar
Aos que ficam, resta chorar
Chorar pelo ramo arrancado
E no fundo, desejar
As chaves do cadeado
Que jaz nas mãos
Do único genuinamente amado
Aquele que diante de tal portão
É dono e guardião
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100 poemas de um paraquedista sem chão
PoetryNa perspectiva do alto, pode se ver muito de diversas formas | Mesmo aos poucos, algumas formas disformes | E com algum esforço | Pode se ver no nada, muito. . Poemas escritos entre julho de 2021 e abril de 2023.