Miserável, pobre, cego
E nu que sou, não nego.
Às vezes me pego
Em divagações tacanhas,
O meu desejo Lhe entrego,
Mas as manhas
Bem humanas gritam.
Como e por que lutar
contra os que me amam?
As agruras vêm como ondas do mar,
Afogam mas não matam.
O ímpeto luta pela vida,
Um lampejo exaurido,
Uma noite muito comprida.
Ah, noiva, queria logo ver seu marido.
As faíscas de alegria
Me distraem. Não tenho
esse direito. Por que iria
caminhar em empenho?
Como aceitar um amor
Para uma casca nojenta
E imerecida. Alto fala a dor,
Contra o abraço que esquenta.
As portas do Hades batem,
Sussurros me torturam,
Insistem para que não me matem,
Incontáveis vozes murmuram.
Este verme que lhos escreve,
Sorri em lágrimas, porque sabe,
Embora o ânimo que deve,
Tamanho amor não lhe cabe.
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100 poemas de um paraquedista sem chão
PoesíaNa perspectiva do alto, pode se ver muito de diversas formas | Mesmo aos poucos, algumas formas disformes | E com algum esforço | Pode se ver no nada, muito. . Poemas escritos entre julho de 2021 e abril de 2023.