Entre mortos e feridos, mais um ano se arrasta

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Ode aos premiados. Ousados.

Que pachorra a sua de sobreviver

Até aqui. Tantos mal enlutados

E tu aqui, respirando mal de doer,

Porém, vivo. Levantando mil

Retrospectivas. Música, filme, abraços, beijos.

Podcasts, notícias incríveis do Brasil.

Jantares, noites, vinhos, queijos.

Que ousadia a sua de sorrir!

Metas, cursos, trabalhos, contratos,

Fracassos intercalados. Bipes, aparatos,

Chora uma mãe a parir.

Que ano!

Ou tempo?

Já foi!

Ou é?

Não foi dessa vez meu Senhor.

Já dizia o pai, entre mortos e feridos. Bastante.

Sobraram mortos andando. Sem dor.

Corroídos? Ocos. Uma faísca de amante.

Não diria vazios. Há algum brilho,

Algo entre peixe morto e diamante.

Um feixe torto para um ser errante,

É possível ver o reflexo do sol nos cacos espalhados.

Mas se movem como? Ah, motivação

Essa danada. Tóxica. Egocêntrica. Que sacrifício.

Curioso imaginar como qualquer ação

Outrora simples, hoje mais parece um suplício.

Um arrastar de âncora por um rio estreito.

Como é difícil me deixar fluir sobre seu peito.

Coff coff

Peito chia. Será agora?

Não, não. Asma de novo.

Bombinha.

Hmmmmmm.........pffffff......

Pronto. Onde estava? Vida?

Teve abundante, e teve escassa.

Não estou aqui com uma passagem só de ida.

Teve berrante, teve raça,

Teve levante de taça,

E teve cruz. Essa sim, sobre a carcaça.

Mas por ela ser assim,

Vivo o pulsante, e o que passa.


100 poemas de um paraquedista sem chãoOnde histórias criam vida. Descubra agora