Uma obra querida e abandonada

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Tijolo por tijolo

Montes de areia

Um terreno longínquo

Longe do quê?

Como é difícil

O simples ato de construir

Numa caverna

Ou a céu aberto

Como é fácil se destruir

Numa taverna

Ou qualquer lugar perto

Muros altos nos protegeriam

E nos afastariam

Não há segurança

Em viver desamparado

Prefiro proteger nossa criança

E viver pelo meu amado

Mesmo que sofra calado

Vou andar, tropeçar, levantar

Sentir nas pernas a grama alta se chocar

Os anos se tornarão asas

Correrei tanto até planar

Voarei e assistirei

As ruínas restantes

Do Eu que ficara incompleto

Do ser que enfim não sendo

Tornou-se repleto


100 poemas de um paraquedista sem chãoOnde histórias criam vida. Descubra agora