A lente do escândalo

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Anestesiado e cansado, cotovelos na janela,

Cabisbaixo e desamparado, pelos em cautela.

Mira o céu, ponte e olhos sem brilho.

Ao leu, olha o horizonte sem brio.

Uma brisa choca a face rija,

Um esboço de paz me toca e me regozija.

Como o poço nos atrai tanto,

Dói o osso, cai qualquer santo.

Caem de joelhos e a invencibilidade dos mentirosos,

Sobram conselhos, e a afabilidade de invisíveis amorosos.

Por vezes nos jogamos num mar de dor,

Por meses nos custa enxergar uma cor.

Sei que o dia que me acostumar com corpos,

É certo que estamos todos mortos.

Não sinto o calor da vida,

Mas por enquanto, uso isso como prova viva,

Que o escândalo nos vibra,

Como vândalo de nossa fibra.



100 poemas de um paraquedista sem chãoOnde histórias criam vida. Descubra agora