Está quente na passarela
Cinco tiros numa ruela
Um olho no celular outro nela
Mais um dia para os impotentes
Qual a boa hoje
Corre na zona norte
Vive pelo primeiro corte
Sangue na zona sul
Não é sangue azul
Não é bom falar muito
Vai morrer pela boca
É racha, mais um circuito
Grita a voz rouca
É mais uma mãe chorando em funeral
O malandro que marchava indolente
Tem sua alma subindo imponente
Não tinha como
Se não fosse ele
Seria outro
Nossos ídolos são poucos
É prefeito pedófilo
É técnico ignóbil
Só resta um futuro impróprio
Corpo na sarjeta
Igual bituca no bueiro
A normalidade anda de muleta
Criança no crack
E bandido craque
São a nossa faceta
Deus abençoe a terra dos bandeirantes
E todos os defuntos que vieram antes
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100 poemas de um paraquedista sem chão
PoetryNa perspectiva do alto, pode se ver muito de diversas formas | Mesmo aos poucos, algumas formas disformes | E com algum esforço | Pode se ver no nada, muito. . Poemas escritos entre julho de 2021 e abril de 2023.