Pauliceia pra quem tem sangue azul

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Está quente na passarela

Cinco tiros numa ruela

Um olho no celular outro nela

Mais um dia para os impotentes

Qual a boa hoje

Corre na zona norte

Vive pelo primeiro corte

Sangue na zona sul

Não é sangue azul

Não é bom falar muito

Vai morrer pela boca

É racha, mais um circuito

Grita a voz rouca

É mais uma mãe chorando em funeral

O malandro que marchava indolente

Tem sua alma subindo imponente

Não tinha como

Se não fosse ele

Seria outro

Nossos ídolos são poucos

É prefeito pedófilo

É técnico ignóbil

Só resta um futuro impróprio

Corpo na sarjeta

Igual bituca no bueiro

A normalidade anda de muleta

Criança no crack

E bandido craque

São a nossa faceta

Deus abençoe a terra dos bandeirantes

E todos os defuntos que vieram antes


100 poemas de um paraquedista sem chãoOnde histórias criam vida. Descubra agora