Autofagia

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Comeu tanto que morreu

Ruminou tanto que esqueceu

Filosofou tanto que esvaneceu

Destroçou tanto que se machucou

Fatiou tanto que acabou

Refletiu tanto que travou

Consumiu tanto que sumiu,

Fingiu tanto que se riu,

Trabalhou tanto que não viu.

Em mordiscadas,

Entreguei o coração,

Em fatias, algumas braçadas,

Olhos de ração,

Sangue numa taça,

Da alma só a rapa.

Sobraram alguns restos de Eu,

Mas de alguém que no fim não viveu.


100 poemas de um paraquedista sem chãoOnde histórias criam vida. Descubra agora