Uma manhã, claquete

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Pés no chão

É pouco

Tosse rouco

Vai e se vê no espelho

Se apoia no mármore do desespero matinal

No celular, muitos bons-dias, mas você é marginal

Fixa seus olhos

Sabe que logo atrás

A sensação de um abismo lhe aguarda

Roga para alguém que lhe guarda

Amedrontado, se vira

Caminha, pega o pó, aquece a água

O líquido preto da vida lhe aguarda

A cama carente lhe grita

Ele ignora, se irrita

O barulho das correntes nas pernas

Lhe tiram a paz,

O berro dos demônios no ouvido

Lhe gastam a alma

Faz o checklist

Tudo nas mãos e nos bolsos

Máscara, bilhete único e tremedeira

Ansiedade, mochila e carteira

Pode sair, abre a porta

Pode cair, corta


100 poemas de um paraquedista sem chãoOnde histórias criam vida. Descubra agora