O cabelo grisalho é uma coroa de esplendor,
Já dizia o provérbio,
Toca o rádio, levanta a carcaça, dor.
Dor que é sinal de vida, que sábio.
Terceira idade, feliz idade,
Feliz? Que audácia!
Viva até lá antes de soltar esta verdade.
Dos cabelos brancos, muita falácia
É contada, muita fantasia, talvez
Uma admiração pelo que se deseja,
Longevidade, quando será a sua vez?
Cremes e gambiarras, que seja,
O bicho homem de tudo busca fazer
Pela imortalidade. Quer viver
Para sempre mais do que envelhecer,
Mais vale uma imagem no espelho,
Do que a experiência pra se dar um bom conselho.
A pressa da juventude,
Se choca ao passo vagaroso.
Por que cuidar da saúde?
O que nos espera de tão majestoso?
Não mais que de repente, rugas sinalizam
O implacável ânimo de Cronos, não
Se vê mais vontade dos que queriam
Se eternizar. Dos fios claros, uma lição
Foi dada. A pujança se aquietou,
E a esta casca não há muito para onde ir,
A vista do eterno se transformou,
Há tempo para abraçar e para sorrir.
O meu corpo e minha dor,
Deixo aos vermes da terra,
E sobre minha alma,
A paz de que o Espírito não me erra.
VOCÊ ESTÁ LENDO
100 poemas de um paraquedista sem chão
PoesiaNa perspectiva do alto, pode se ver muito de diversas formas | Mesmo aos poucos, algumas formas disformes | E com algum esforço | Pode se ver no nada, muito. . Poemas escritos entre julho de 2021 e abril de 2023.