Pêndulo da velhice

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O cabelo grisalho é uma coroa de esplendor,

Já dizia o provérbio,

Toca o rádio, levanta a carcaça, dor.

Dor que é sinal de vida, que sábio.

Terceira idade, feliz idade,

Feliz? Que audácia!

Viva até lá antes de soltar esta verdade.

Dos cabelos brancos, muita falácia

É contada, muita fantasia, talvez

Uma admiração pelo que se deseja,

Longevidade, quando será a sua vez?

Cremes e gambiarras, que seja,

O bicho homem de tudo busca fazer

Pela imortalidade. Quer viver

Para sempre mais do que envelhecer,

Mais vale uma imagem no espelho,

Do que a experiência pra se dar um bom conselho.

A pressa da juventude,

Se choca ao passo vagaroso.

Por que cuidar da saúde?

O que nos espera de tão majestoso?

Não mais que de repente, rugas sinalizam

O implacável ânimo de Cronos, não

Se vê mais vontade dos que queriam

Se eternizar. Dos fios claros, uma lição

Foi dada. A pujança se aquietou,

E a esta casca não há muito para onde ir,

A vista do eterno se transformou,

Há tempo para abraçar e para sorrir.

O meu corpo e minha dor,

Deixo aos vermes da terra,

E sobre minha alma,

A paz de que o Espírito não me erra.


100 poemas de um paraquedista sem chãoOnde histórias criam vida. Descubra agora