Pessoas queridas e estranhas, rindo,
De todo tipo, reunidas, um compêndio,
De repente, a água está subindo,
No caos, um incêndio,
Ilhados, não há para onde escapar,
Uma cerca, um respiro?
Enchente implacável a nos solapar,
Será meu último suspiro?
Forças torrenciais me levam.
Oh, Senhor, por que me abandonaste?
Em corpo, ânimo, espírito, mente. Mergulhado.
Uma bandeira em meia-haste.
Distante (de quem?), só, sujo e desnudo.
Tenho que me recompor.
Corro em vielas distorcidas, mudo,
Miro minhas origens, antes do sol se pôr.
Porém já é noite. Há medo,
Também esperança.
Deveras derrotado, mas é cedo
Para desistir desta criança.
O Espírito incansável queima as entranhas,
Humilha e afaga. Não sou merecedor
De nada. Me transforma e me amas.
Delírio, um verme estarrecedor
Receber qualquer abraço.
Às portas do âmago, batem forte,
Um infanto ouve, puxa um maço,
Acende um cigarro. Um temor de morte
Lhe toma conta. Será que ele deve abrir?
Será que ele consegue deixar entrar
Qualquer amostra de sorrir?
Refuta o carinho, mas deseja amar,
Nega o zelo, mas ama cuidar.
Pequeno, assustado, submerso,
Mas o fôlego de vida persiste.
As gotas caem em cada verso,
E no seu caminho, existe e resiste.
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100 poemas de um paraquedista sem chão
PoetryNa perspectiva do alto, pode se ver muito de diversas formas | Mesmo aos poucos, algumas formas disformes | E com algum esforço | Pode se ver no nada, muito. . Poemas escritos entre julho de 2021 e abril de 2023.