Gato escaldado e a lua carmesim

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De afeto barato,

Vivem muitos,

Sofre o rato,

Não faltam assuntos.

Molhado e escaldado

Olha pra lua

O animal mal amado,

Só Deus sabe qual a tua.

Fede a carne crua.

Sangra de saudade,

Apesar da maldade.

Mira o céu escuro,

Sonha com o par amado,

Passado obscuro

Não cobre o Espírito alado.

Deseja o reles tato,

Um quente abraço,

Não é hoje que me mato.

Diante de luzes, caço

O brilho raro dos que vivem.

Sonha com o seu cheiro,

As vontades que queimem,

Lotado está o cinzeiro.

Lua longe, mas reluzente,

Distante, mas presente.

Como eu queria tocá-la.

Laça-la

E amá-la.

Lua esta que já feriu

Tantos. Que confusa

Amou e reluziu

Variado brilho, e reduziu

Seu próprio amor.

Fugiu da dor,

E escolheu viver.

Desconhecendo sua própria luz,

Seguiu viva e em prantos.

O gato no seu canto se reduz,

E ora nos seus cantos.

Quem sabe um dia ele reluz.

Quem sabe um dia,

Pelas frestas certas,

Ele vai e mia

Alto e pra todo canto,

E a lua ouve,

E entende sem espanto,

Que as portas seguem abertas.


100 poemas de um paraquedista sem chãoOnde histórias criam vida. Descubra agora