De afeto barato,
Vivem muitos,
Sofre o rato,
Não faltam assuntos.
Molhado e escaldado
Olha pra lua
O animal mal amado,
Só Deus sabe qual a tua.
Fede a carne crua.
Sangra de saudade,
Apesar da maldade.
Mira o céu escuro,
Sonha com o par amado,
Passado obscuro
Não cobre o Espírito alado.
Deseja o reles tato,
Um quente abraço,
Não é hoje que me mato.
Diante de luzes, caço
O brilho raro dos que vivem.
Sonha com o seu cheiro,
As vontades que queimem,
Lotado está o cinzeiro.
Lua longe, mas reluzente,
Distante, mas presente.
Como eu queria tocá-la.
Laça-la
E amá-la.
Lua esta que já feriu
Tantos. Que confusa
Amou e reluziu
Variado brilho, e reduziu
Seu próprio amor.
Fugiu da dor,
E escolheu viver.
Desconhecendo sua própria luz,
Seguiu viva e em prantos.
O gato no seu canto se reduz,
E ora nos seus cantos.
Quem sabe um dia ele reluz.
Quem sabe um dia,
Pelas frestas certas,
Ele vai e mia
Alto e pra todo canto,
E a lua ouve,
E entende sem espanto,
Que as portas seguem abertas.
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100 poemas de um paraquedista sem chão
PoetryNa perspectiva do alto, pode se ver muito de diversas formas | Mesmo aos poucos, algumas formas disformes | E com algum esforço | Pode se ver no nada, muito. . Poemas escritos entre julho de 2021 e abril de 2023.