Capítulo 14 - Duras Decisões

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Helena

Entro na casa dos meu pais, acompanhada de uma nova empregada temporária que eu contratei. Uma mulher na casa dos cinquenta anos, cabelos escuros e olhos castanhos. 

Olho em volta da cozinha, um tanto envergonhada com toda a bagunça do local.

A mostro onde todos os produtos de limpeza estão e como tudo deve ser feito. - Então, Zina, você cuida apenas dos cômodos sociais que eu te falei, o resto fica por minha conta!. Aqui estão as suas chaves e só precisa trancar tudo quando sair!. - Lhe entrego uma copia das chaves da casa. - Eu só vou ficar para dar remédio para o meu pai e depois eu preciso ir.

Lívia - Está bem, obrigada. - Ela pega as chaves e as guarda em sua bolsa. 

Adentro o quarto do meu pai com cautela e o vejo assistindo algum programa sobre esportes. Ele me dá uma breve olhada, mas logo volta para a televisão. Ele permanece no mesmo estado de sempre. Deitado e inexpressivo. Sua barba ainda está largada e seu cabelo permanece com o mesmo aspecto bagunçado.

Me aproximo da cama e sento um pouco mais distante enquanto pego o seu remédio. - Como o senhor se sente?. - Faço questão de focar em seu olhar enquanto espero sua resposta.

Eduardo - Bem. - Ele responde enquanto permanece focado na televisão e sem expressar absolutamente nada.

A mesma resposta de sempre. Eu não quero deixar de perguntar se ele está bem, porém, ele deve estar farto dessa pergunta.

Encho o copo com água enquanto seguro os seus comprimidos nas mãos. - Eu contratei uma empregada temporária. - Pego o copo e lhe entrego juntamente com os seus remédios.

Eduardo - Para quê?. - Ele ingere os comprimidos e bebe a água em goles rápidos.

Pego o copo e devolvo para a mesinha ao lado. - Só para dar uma pequena organizada na casa. Eu quero cuidar das coisas enquanto o senhor se concentra na sua recuperação!. - Encaro a sua mão repousada sobre a sua barriga.

Da mesma forma em que não somos nenhum pouco próximos, mesmo sendo pai e filha, quero pegar na mão dele; sentir o toque dele e o seu braço tão desconhecido para mim. Como deve ser abraçá-lo?. Demorado e quente?. Rápido e divertido?. Será que me sentiria segura dentro dos seus braços?. Amada?.

Imóvel, permaneço encarando a sua mão até ela se mover para que ele coce sua orelha. Me recomponho com um suspiro e encaro a televisão por um segundo enquanto penso no que poderia dizer. - E a mamãe?. - Volto ao seu olhar.

Eduardo - Ela disse que está trabalhando no aeroporto agora. - Seu olhar não me encontra nem por um segundo.

Sinto um pequeno alívio ao saber da notícia. Minha mãe ficou paralisada com o estado do meu pai, mas fico feliz que ela esteja voltando a ativa de alguma forma. Talvez esteja fazendo isso para ter uma válvula de escape da sua nova realidade. De qualquer forma, ela nem entrava nesse quarto.

Helena - Fico feliz em saber disso, vai ser bom para ela criar uma nova rotina!. - Forço um sorriso amassado. - O senhor está precisando de alguma coisa?. Quer que eu busque alguma coisa para o senhor comer?. - Pergunto, tentando me mostra disponível.

Eduardo - Eu já comi!. - Sua resposta fria combina com o seu olhar distante de mim.

Assinto, um tanto perdida. - Tudo bem, mas talvez eu possa...

Eduardo - Eu não preciso que você faça nada para mim!. - Seu olhar me encontra, sem expressão ou cor. - Eu sei que você quer se mostrar útil para me ajudar, mas tudo isso é desnecessário!. Eu posso fazer tudo sozinho e não quero que você perca o seu tempo cuidando de mim, Helena.

A Arte Que Me Feriu - Livro II [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora