Capítulo 58 - Em Mãos Sujas

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Após um bom tempo me debatendo e gritando por socorro, me sinto extremamente cansada, porém, ainda tomada pelo vapor. Meu corpo está doendo em vários pontos por causa das câimbras e suo bastante por estar tudo abafado. Tento ouvir alguma coisa do lado de fora, mas o silêncio se mostrou constante faz um tempo. Tento controlar o choro para não me desesperar por completo, mas fica absurdamente difícil fazer isso no escuro e presa no porta-malas.

O carro segue em movimento e faz poucas curvas, indicando que, talvez, esteja em uma longa estrada reta, como uma rodovia.

Um rodovia?. Meu Deus, para onde ele está me levando?. Por que está me levando?. Deus, por favor me ajuda. O que vão fazer comigo?. Eu não quero morrer... Eu não... Calma, Helena!. Você precisa se acalmar e tentar achar uma maneira de sair daqui.

Faço um rápido exercício de respiração enquanto vou apalpando o assoalho do porta-malas em busca de algo que possa me ajudar. Minha mão sente uma coisa dura e cumprida próxima a mim. Ao segurá-la entre os dedos, percebo ser o cabo do meu guarda-chuva. É tudo que tem aqui dentro.

Minha respiração acelera assim que sinto o carro parar bruscamente. Meu corpo se enche de adrenalina e o desespero me invade com o soar de passos vindos de fora. Firmo o guarda-chuva na mão e tento manter a cabeça fria.

Quando a luz invade o porta-malas assim que o mesmo é aberto, ergo o braço com toda a minha força e acerto o guarda-chuva na cara de um homem de cabelos negros antes de me levantar em completa euforia.

- Ah, sua vaca!. - Ele se afasta na mesma hora e se curva para frente ao cobrir o rosto com as mãos, gemendo de dor.

Sem pensar duas vezes, jogo o guarda-chuva no chão e saio correndo pela rua. Enquanto me concentro em correr o mais rápido que posso, percebo que estou em uma estrada cercada por árvores altas a ponto de escurecerem o asfalto e cobrir qualquer tipo de civilização.

- VOLTA AQUI!.

Dou uma breve virada por causa do arrepio que o seu grito me provoca e o vejo correndo atrás de mim de uma forma bem mais astuta e voraz. O desespero começa a crescer no meu corpo inteiro enquanto adentro a floresta para tentar despistá-lo. Corro por entre as árvores e pulo algumas pedras, mantendo o ritmo acelerado.

Antes que eu possa raciocinar, sinto algo duro bater contra o meu pé e me fazer ir ao chão na mesma hora e com muita intensidade. Uso as mãos para amortecer a queda, já sentindo as mesma rasparem no chão áspero.

- Te peguei!. - Seu corpo cai sobre mim e ele se adianta em imobilizar meus braços para trás do corpo.

Helena - NÃO!. ME SOLTA... - Tento me debater o mais forte possível, mas é nítido que sou bem mais fraca do que ele. Meu braços são amarrados e meu corpo no geral está completamente imobilizado no chão frio e duro. - ME SOLTA...

- CALA A BOCA!. - Sua mãos agarra o meu cabelo e o puxa com força para passar o braço em volta do meu pescoço. - Fica quieta!. Eu estou me segurando para acertar essa sua linda carinha!.

Me apavoro com a sua voz grossa e carregada de determinação. Sinto uma forte dor no coro cabeludo e uma pressão no meu pescoço. - Por favor... Por favor... Me solta... Pode ficar com o carro e com as minhas coisas... Mas não me machuca, por favor... - Suplico enquanto meu peito agoniza de desespero e o meu corpo inteiro treme. - Por favor...

- Cala a boca e levanta!. - Ele se ergue e me puxa pelas amarras nos braços até me pôr de pé. - E nem adianta gritar!. Aqui só os pássaros vão te ouvir!. - Ele solta uma risada enquanto me segura com firmeza.

Fazendo uma rápida análise em seu rosto, noto olhos escuros, barba bem rala, cabelos escuros e sobrancelhas grossas. Sua expressão é de divertimento frio.

A Arte Que Me Feriu - Livro II [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora