Nadine
Passamos o resto do jantar garantindo que o nome do Benjamin não fosse mencionado outra vez, e quando o Derick e a Jenny foram embora, nos recolhemos, ainda perplexos. No quarto do Oliver, o vejo se jogando na cama de forma molenga e afundando seu rosto no travesseiro.
Oliver - Grrrrrr. - Seu grunhidos raivosos são totalmente abafados pelo travesseiro. - Não acredito, não acredito, não acredito!.
Sento no pé da cama, ainda perplexa com tudo que aconteceu. - Eu ainda estou incrédula... Ou tudo está conspirando contra nós, ou o destino quer que a gente pegue essa oportunidade e vá com tudo... Das duas, uma!. - Bufo, cansada. - Eu achei que ia ter um infarto quando a tia falou o nome do Benjamin... Acha que a Jenny desconfiou de alguma coisa?.
Ele vira o rosto para mim. - Eu acho que não, está na cara que o Benjamin ficou no passado para ela!. Negou até a sua existência!. Não sei se o Benjamin poderia ficar mais decepcionado se soubesse.
Nadine - Pois é!. Ela não quis ter um filho no passado, mas tem um agora?. Isso pode ser considerado controverso?. Ou ela só mudou de ideia com o tempo?. - Questiono, incerta.
Oliver - Isso não é o que, de fato, importa!. - Ressalta ao sentar na cama. - Temos que falar com o Benjamin de algum jeito, ele precisa saber, antes que a verdade bata na porta dele da forma mais desastrosa e impactante possível!. Meu deus, que confusão que eu me envolvi!. - Ele cobre o rosto, choramingando.
Acaricio seu ombro, compadecida com o seu estado. - Agora não adianta lamentar, mas eu estou com você no que quiser fazer!.
Ele bufa ao bagunçar seu cabelo por passar a mão no mesmo. - Você precisa saber melhor dessas história antes de qualquer coisa...
Oliver começa a me contar um pouco sobre como foi a vida do Benjamin e sobre o irmão dele que morreu em um acidente. Ouço atentamente cada detalhe da história, me sentindo perplexa a cada novo fato contado por ele.
***
Helena
Após longos minutos encarando o envelope, tomo coragem para, enfim, abri-lo e me deparo com um mar de palavras, palavras essas que possuem a caligrafia invejável do meu pai; letras cursivas e perfeitamente inclinadas para a direita. Permito, apreensiva, que meu olhos passeiem pelas palavras.
Para você, Helena.
Sei o quanto essa carta é hipócrita por conter palavras que deveriam sair da minha própria boca. Porém, sou orgulhoso demais para te falar isso pessoalmente, admito!. Mas eu precisava falar de um jeito ou de outro. Precisava!.
Lamento. Lamento muito por não ter sido o tipo de pai que você precisou... Não fui mesmo!. A verdade é que sua mãe e eu sempre tivemos o pé atrás em sermos pais, mas o tempo nos trouxe muitos atritos e achamos que um filho poderia mudar as coisas. Não foi justo!. Principalmente com você!. As coisas continuaram conflitantes entre nós e é claro que a culpa não foi sua!. Só nossa. Inteiramente nossa!.
Eu preferi me afundar no trabalho do que voltar para casa e viver uma realidade que não aguentávamos mais. Imagino que também foi um pesadelo para você viver com toda a nossa negligência. Quando me vi doente e acamado na maioria do tempo; não podendo cuidar de mim como antes, você estava ao meu lado; me lembrando de tomar aqueles remédios horríveis e me estimulando a sair da cama para lutar contra o câncer. Tentando me mostrar que valia a pena continuar tentando. Nunca me senti tão culpado como quando te vi sendo tão atenciosa com o pai que nunca fez questão de te amar da forma que você merecia.
Não consegui mais lutar contra esse maldita doença quando te vi ali, ao meu lado e me estendendo o copo de água; eu mereci tudo isso por ter feito você se sentir tão sozinha e não amada. A vergonha foi maior do que qualquer outra coisa... O medo de me curar e conviver com a culpa de não estar contigo, seria bem maior!.
Não sei se a Angelina se arrepende como eu, afinal, isso foi só mais um dos vários assuntos que nunca tivemos um com o outro, mas quero que saiba, pelo menos por essa carta, que me arrependo amargamente de não ter te pegado no colo; de não ter te abraçado mais; beijado... Você merecia um pai melhor do que eu!. É impressionante como eu não sei absolutamente nada sobre você, minha filha... Sua cor favorita, sua comida preferida, como é a sua relação com o Ethan... Nem mesmo lembro a data do seu aniversário. Que vergonha, não é?.
Você se criou sozinha, certo?. Se tornou essa pessoa incrível sem a nossa ajuda, e é admirável isso, mesmo que triste!. Enfim, minha filha, eu te amo muito. Digo nessa carta que te amo muito e que espero que você nunca sinta que precisa me perdoar... Não precisa!. A culpa foi só nossa.
Eu te amo, minha pequena!.
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A Arte Que Me Feriu - Livro II [Concluída]
Aventure* (Livro II de Apenas Uma Aposta) * Quatro anos após o colégio, Benjamin Leblanc cresceu e amadureceu muito com o tempo desde sua adolescência. Sua vocação sempre foi voltada para a arte, levando-o a abrir, enfim, a sua galeria de arte. A vida semp...