Dia seguinte.
Oliver
Ajeito a minha camisa assim que cruzo a entrada da cozinha e me deparo com uma cena, no mínimo, apavorante.
Nadine - Oi, Oliver. Bom dia!. - Ela acena de forma graciosa com uma espátula na mão.
Esfrego os meus olhos para me certificar de que é real o que eu estou vendo.
Nadine está em frente ao fogão enquanto seu cabelo está preso em coque desarrumado e com um avental amarrado em seu corpo. - Senta. Eu já vou servir o seu café!. - Ela direciona sua atenção para o fogão.
Sento no balcão lentamente enquanto tento assimilar a cena mais improvável que eu já vi. - O que está acontecendo?. - Pergunto, desorientado. - Isso é algum tipo de universo alternativo?. Mesmo se for, em nenhum deles eu te imaginaria perto de um fogão!.
Nadine - Engraçadinho!. - Ela pega a frigideira e se aproxima. - Eu estou passando por um processo de mudança e isso inclui fazer coisas que eu jamais faria!. - Ela coloca a terceira torrada queimada sobre a pilha de torradas queimadas no prato.
As fito com uma certa repulsa. - É... ficaram um pouco queimadas... Não passou nem um pouco manteiga na frigideira?. - Assim que pego uma das torradas, a mesma esfarela na minha mão.
Nadine - Tinha que passar manteiga?. - Ela questiona ao franzir o cenho, surpresa.
Assinto, ainda perplexo. - É um dos caminhos para fazer torrada, mas é mais fácil usar uma torradeira. Por que não usou?.
Nadine - O que é isso?. - Ela questiona, claramente confusa.
Arregalo os olhos, boquiaberto com sua pergunta. - Meu Deus!. - Bufo.
Ela curva os ombros, desanimada e abaixa a frigideira. - Meus empregados faziam parecer tão fácil. - Ela deixa a frigideira no fogão com uma certa indignação. - Eu queimei a ponta dos meus dedos sete vezes.
A vejo mais cabisbaixa enquanto tenta ajeitar a bagunça que está seu cabelo. Ela está visivelmente um desastre. Não só ela, mas a cozinha também. Há muita louça suja na pia, formando um pilha que alcança a torneira; muita coisa para quem só "fez" torradas. O fogão está repleto de farelos, algumas laranjas mal espremidas circulam a pia e há uma jarra com um resquício de suco no fundo.
Não consigo não sentir pena da sua situação e vou fazer o possível pra extrair alguma gota de pureza nesse rio de maldade.
Oliver - Ok. Ok. - Bufo ao me levantar e a coloco para sentar no meu lugar. - Isso é muito triste para eu só assistir e não fazer nada. Eu faço o café e você fica aí sentada, sendo apenas uma carinha bonita. - Brinco e começo a limpar o fogão com um pano que tinha no armário.
Nadine - Ah, obrigada, primo!. - Ela suspira de forma tensa ao relaxar no banco. - Esse negócio de cozinhar é difícil!. Que tipo de pessoa doente faz isso por diversão, hein?.
A fito com um semblante sério, repreendendo seu comentário.
Ela cobre a boca assim que arregala os olhos por perceber que disse algo que não devia. - Desculpa, foi automático!. O que quis dizer é... bom, que somente pessoas verdadeiramente apaixonada fariam algo tão difícil!. - Ela adota uma expressão serena de redenção.
Oliver - Escuta, Nadine, quando for falar alguma coisa, pense duas vezes; e quando acabar de pensar, por via das dúvidas, permaneça calada!. - Reforço, voltando ao fogão e começando a fritar os ovos e o bacon após esfregar um pedaço pequeno de manteiga na frigideira. Em seguida, começo preparar as panquecas e alterno isso a espremer melhor as laranjas, conseguindo fazer uma melhor aproveitamento.
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A Arte Que Me Feriu - Livro II [Concluída]
Aventura* (Livro II de Apenas Uma Aposta) * Quatro anos após o colégio, Benjamin Leblanc cresceu e amadureceu muito com o tempo desde sua adolescência. Sua vocação sempre foi voltada para a arte, levando-o a abrir, enfim, a sua galeria de arte. A vida semp...