Capítulo 52 - Uma Chance Para Si Mesmo

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Benjamin

Após Pandora escovar os dentes, a levo para o seu quarto e a coloco em sua cama. Me sento ao seu lado para cobri-la até os ombros.

Ela abraça o Tibo, o urso de pelúcia do Brian que eu dei a ela. - O Oliver é muito legal!. Ele disse que pode me ensinar a nadar!.

Acho graça enquanto termino de ajeitar sua coberta. - Aposto que sim!. Você... Gosta mesmo dele?. - Questiono, curioso.

Ela assente de uma forma frenética. - Sim!. Gosto dele do tamanhão desse quarto!.

Sorrio com a sua escolha de palavras.

Não achei que a Pandora gostaria tanto do Oliver, mas ele está sendo uma graça com ela. Quem não gostaria disso sendo uma criança?.

Sinto um aperto no peito enquanto tento buscar palavras para começar a falar do nosso pai. - É... Meu amor, você perguntou onde estava o papai e... Nós não respondemos de verdade para você... - Tento escolher as melhores palavras para continuar. - O papai... Ele ficou um pouco dodói!.

Seu semblante dá uma leve franzida. - Dodói?. Por isso que ele não está aqui?.

Assinto, tentando não me emocionar. - Isso!. Ele está naquele lugar onde nós levamos as pessoas que estão dodói. No hospital!.

Ela assente com uma expressão neutra. - Eu sei!. A mamãe trabalha em um hospital de cachorro e gato. O papai está lá?. - Sua expressão se mostra curiosa, porém, neutra a medida em que ela não entende a gravidade da situação. E é melhor que continue assim.

Nego com a cabeça enquanto acaricio seu cabelo macio. - Não, meu amor. Ele está em um hospital que cuida só de pessoas!. Ele está sendo bem cuidado pelos médicos para melhorar!.

Ela desvia o olhar por um segundo ao assentir e volta. - E quando ele volta para casa?. Eu estou com saudade!.

Seguro as lágrimas e lhe abro um micro sorriso. - Eu ainda não sei, mas a gente vai torcer para que ele volte logo, não é?.

Ela concorda com a cabeça. - Sim, eu vou pedir para o papai do céu!. - Ela fecha os olhos e junta as mãozinhas. - Papai do céu, traz o meu papai de volta, por favor. Obrigada!.

Tomado pela ternura da sua inocência, beijo a sua testa e a abraço por longos segundos. - Boa noite, meu amor!. Dorme bem!. - Luto para me desgrudar dela e me levantar.

Pandora - Boa noite!. - Ela me lança um último sorriso e se vira para o lado.

Suspiro com o peito pesado ao sair e fechar a porta. Minhas lágrimas secaram, mas meu desnorteio me faz ficar imóvel no corredor por alguns minutos.

Eu achei que seria mais difícil, acho que ela consegue lidar melhor com isso do que qualquer um, talvez porquê a fé das crianças é imensamente maior do que a nossa. Temos muito que aprender com elas!. Eu preciso ser muito mais como ela!. Afinal, a esperança é a única coisa que nos resta quando tudo se mostra tão sombrio e sem saída.

Assim que passo a descer os degraus da escada da sala, Oliver, meio sonolento, se levanta de uma forma levemente desengonçada. - Como foi?. Conseguiu contar?.

Assinto ao me aproximar e suspiro. - Sim, ela foi bem compreensiva e esperançosa!. Vê-la daquele jeito me fez ter um pouco mais fé!.

Ele assente com um sorriso tranquilo. - Que bom!. É melhor te ver assim!. Com fé!.

Devolvo o sorriso ao concordar.

Nossos olhos passam a se olhar de forma serena, porém, perdida enquanto o silêncio toma conta do ambiente mias uma vez.

A Arte Que Me Feriu - Livro II [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora