Completamente desnorteado, perdido e perplexo, sento no banco perto do quadro que estava pintando enquanto tento esfriar o fervor da minha cabeça.
Oliver dá um curto suspiro enquanto mantém uma pose de angústia.
Não sei até que ponto sua expressão vazia é genuína. Depois que alguém te engana como o Oliver me enganou, qualquer palavra da sua boca precisa ser investigada.
Oliver - Eu queria que tivesse forma menos dolorosa de...
Benjamin - Só diz o que você veio dizer!. - Peço, me sentindo exausto. - Apenas o que veio dizer.
Ele dá um curto suspiro ao assentir de forma cabisbaixa. - Não tive dúvidas que era ela desde o segundo que a vi!. Me veio à memória o exato momento em que você a mostrou no seu quarto.
Ainda lembro daquele dia!. Mostrei a foto da Jenny porque confiei nele. Confiei tudo a ele!. Foi o momento em que nós estávamos dando o próximo passo. Mal sabia eu que era um passo para a minha morte.
Oliver - Eu vi toda a angústia no seu rosto... Ser abandonado por ela te trouxe muita dúvida e... Culpa... - Suas expressões estão suaves, somente suas sobrancelha franzidas se esforçam.
Benjamin - Como ela foi parar na sua casa?. - Questiono ao perceber a sua enrolação.
Oliver - É difícil acreditar, mas minha mãe conhecia ela há alguns anos!. - Ele encara o nada, se mostrando pasmo.
Sua declaração me faz encará-lo, perplexo, nos olhos.
Sua mãe e a Jenny...?. Isso não é real... Não pode ter existido tamanha coincidência.
Oliver - Eu não sabia de nada... Nunca imaginaria que nossas mães eram amigas... Elas se conheceram na Inglaterra. Era lá onde sua mãe estava durante boa parte desse tempo.
Meu olhar permeia ao redor de uma forma zonza enquanto uma gama de pensamentos torturantes começam a invadir minha mente.
Inglaterra...? Ela estava na Inglaterra?. Para ser bem sincero, ficaria surpreso em qualquer outro lugar em que ela estivesse... Passei a minha vida inteira me perguntando isso; e se um dia ela voltaria...
Oliver - Ela não está morando muito longe daqui, eles se mudaram há pouco tempo!. - Ele se mantém imóvel do pescoço para baixo, deixando apenas seus lábios e expressões falarem.
Cada palavra sua me custa ser acreditada, mas uma grande parte já se adianta em lamentar e sentir raiva por tudo isso. Passei anos me perguntando para onde ela teria ido e se eu a veria outra vez... Agora ela está aqui?. Mais perto do que eu poderia imaginar?. Como...?.
Oliver - Ela veio com o marido e... O filho deles!. - Suas mãos se escondem nos bolsos e seus ombros se encolhem. - Um garoto de seis anos, chamado Oddy...
Ao ouvir a palavra "filho" sinto com se algo perfurasse o meu peito e todo o meu ar fosse arrancado dos meus pulmões.
Um filho...? Ela... Ela tem um filho de seis ano?. Era a idade que o Brian tinha quando... Ela não nos quis e agora tem um filho?. Eu... Eu não entendo... Nunca entenderei, eu acho...
Lágrimas grossas caem dos meus olhos, produzindo um choro contido enquanto meus braços vão se abraçando lentamente.
Oliver - Eu não consegui dizer quase nenhuma palavra durante o jantar todo... - Ele balança a cabeça de um lado para o outro suavemente, ainda se mantendo pasmo. - Só... Só fiquei pensando em como você se sentiria quando soubesse... A Nadine tomou coragem para fazer a pergunta...
Benjamin - Qual pergunta?. - Questiono ao, enfim, olhar para ele.
Ele adota uma pose retraída ao pressionar os lábios um no outro. - Benjamin, eu acho que é melhor você...
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Arte Que Me Feriu - Livro II [Concluída]
Przygodowe* (Livro II de Apenas Uma Aposta) * Quatro anos após o colégio, Benjamin Leblanc cresceu e amadureceu muito com o tempo desde sua adolescência. Sua vocação sempre foi voltada para a arte, levando-o a abrir, enfim, a sua galeria de arte. A vida semp...