Capítulo 24 - Sombras do Passado

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Benjamin

Me encho de raiva ao vê-lo parado na minha frente da forma mais descarada possível. Ranjo os dentes e me mantenho firme diante da revolta que é estar na sua presença. - O que está fazendo aqui?.

Ele se mantém em silêncio por alguns segundos enquanto fita o meu olhar com uma expressão perdida.

Benjamin - O que faz aqui?. - Minha voz sai um pouco mais alta ao combinar com a minha impaciência e frustração em vê-lo.

Ele dá sutil sacudida na cabeça e um micro passo para frente. - Desculpa... Desculpa aparecer do nada. Eu sei que você não quer me ver...

Benjamin - Acertou!. Vai embora!. - Aponto para a saída, fulo com a sua cara de pau.

Seu olhar permanece vazio e distante, ainda que sobre mim. Seu peito se mexe do forma desregulada e suas mãos se mostram perdidas. - Eu... Eu preciso falar com você!.

Sua falta de caráter me faz rir de raiva e aquece meu corpo a ponto de meus músculos tremerem. - Falar comigo?. Nós não temos nada para falar um para o outro... Por que você não entende isso?.

Oliver - Benjamin...

Benjamin - PARA DE ME PROCURAR!. - Grito de forma eufórica ao bater o pé com força, fora de mim. - O QUE VEIO FAZER AQUI?. POR QUE VOCÊ VEIO?.O QUE MAIS QUER TIRAR DE MIM?. - Sinto uma pequena vontade de chorar, mas me seguro para não dar esse gostinho a ele.

Ele ergue um pouco as mãos, se mantendo acuado em seu lugar. - Por favor, fica calmo.

Benjamin - Ficar calmo?. É isso que está me perdido?. Para eu ficar calmo?. - Questiono, indignado enquanto me aproximo com alguns passos. - Como eu posso ficar calmo com você aqui?. Como posso ficar calmo quando estou diante da pessoa que me enganou, que mentiu e que fez eu me odiar por ter sido tão burro?. COMO?. - Seco uma lágrima que cai da forma mais rápida que pude enquanto sinto a garganta arder.

Não acredito que a sua presença ainda consegue me desestabilizar. Por que isso continua acontecendo?. Por que deixo minhas emoções me dominarem no momento em que eu mais deveria demonstrar força?.

As lágrimas dos seus olhos começam a descer de forma intensa e ele cobre a boca com a mão enquanto os músculos do seu rosto se contorcem para se segurar.

Cubro o meu rosto com as mãos e me entrego a um choro interno enquanto meu peito se aperta a cada respiração que eu dou.

Com o silêncio que ficamos, somente nossas respirações ofegantes e trêmulas ecoam pelo ambiente.

Eu preciso ser muito mais forte diante da sua presença. Enfrentá-lo para nunca mais vê-lo na minha vida, mas em sua presença, me sinto como aquele mesmo garoto bobo e inocente que se deixou levar por algo que lhe fizeram acreditar ser real. É difícil, mas eu sei que você não fez nada de errado, Benjamin do passado!. O meu eu de hoje também não... Nenhum de nós fez!.

Me recupero com uma fria e rápida tomada de ar e encaro seu rosto da forma mais repulsiva que posso. - Eu não tenho que te falar essas coisas... Não vou me permitir sentir todos aqueles sentimentos ruins de novo!. Eu não vou mais te ver como aquela arte que eu precisava na minha vida escura e sem graça... - Ranjo os dentes de raiva. - Você... Você é só a arte que me feriu... Queria que fosse uma coisa qualquer e sem significado algum, mas é com esse ressentimento que vou ter que conviver!. Que eu vou ter que carregar... - Pressiono os lábios um no outro para segurar as lágrimas nos olhos. - Despois de tudo... O que você ainda teria para falar para mim?. - Questiono, indignado.

Seus olhos já estão vermelhos, sua pose está retraída e reduzida a sua vergonha. As maçãs do seu rosto estão rosadas e sua aparência está longe de ser algo agradável.

A Arte Que Me Feriu - Livro II [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora