Capítulo 11 - Conversa Civilizada

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Nadine

Irresistivelmente, pego uma trufa de chocolate com recheio de cereja da mesa e mordo com vontade e culpa. - Meu Deus, açúcar!. Eu odeio amar você!. - O gosto do chocolate se misturando com a cereja resulta em um sabor de outro mundo. - Maldito Benjamin que trouxe esse doce para a festa!. - Assim que devoro a trufa, me encho de euforia ao ver a Helena se afastando do bar com uma bebida na mão.

Meu Deus, é ela!.

Me apresso em sua direção e chamo a sua atenção ao parar na sua frente. - Helena?. Oi!. Que surpresa te encontrar aqui!. - Finjo surpresa enquanto a fito por completo.

Ela está com uma aparência mais madura, mas não mudou muito. Seu cabelo ruivo parece um pouco maior, porém, os traços do seu rosto são iguais aos que eu me lembrava.

Ela adota um olhar surpreso e forma um sorriso ao pressionar os lábios um no outro. - Nadine!. - Ela solta um curto suspiro. - Eu poderia dizer a mesma coisas.

Dou de ombros e gargalho. - Pois é, eu queria demonstrar apoio para o Benjamin nesse momento tão... Importante!. Isso!. Importante!.

Ela assente ao franzir suavemente o cenho e encara a bebida em suas mãos por um segundo antes de voltar a mim. - Hum, sei. Eu já vou, Nadine!.

Me coloco em sua frente de forma descontraída para que ela permaneça onde está; e assim ela faz. - Espera. - Lhe abro um sorriso curto. - Eu... Tentei ligar para você... Sabe?. Só por ligar, mesmo, mas eu não consegui. Você mudou de número?. - Sondo.

Helena - Mudei!. - Ele beberica sua bebida sem expressar muita emoção.

Vai ficar difícil conversar se ela começar a responder com respostas curtas.

Nadine - Ah, sei!. - Jogo uma mecha de cabelo por cima do ombro e foco em seu olhar. - Eu nem perguntei como você está e nem o que tem feito nesses últimos anos. Como estão as coisas?. - Questiono, curiosa.

Ela franze o cenho ao me fitar no fundo dos olhos e abaixar a bebida à altura da sua barriga. - O que você quer com tudo isso, hein, Nadine?.

Recuo levemente a cabeça, surpresa com toda a sua pose defensiva. - Como assim?.

Ela dá uma curta risada de incredulidade. - Não. Você não pode ser tão cínica a esse ponto. Está aqui falando comigo como se nada tivesse acontecido. Como consegue?.

Respiro fundo, tentando me manter inabalável diante de seu comportamento passivo agressivo. - Helena, eu só queria... Bom... Faz tempo e eu achei que pudéssemos voltar a...

Helena - O quê?. Voltar a ser amigas?. - Ela adota um olhar de incredulidade. - Nadine, você expôs o Benjamin e a mim na sua festa e na frente de todo mundo; espalhou a foto da mãe do Benjamin pelo colégio inteiro. Sem contar aquela porcaria de aposta que fez com o Oliver. - Ela me fita com desprezo e suspira com pesar ao encarar o chão. - O pior é saber que eu também fiz parte de tudo isso; e eu continuei ao seu lado, mesmo depois de tantas maldades. Eu fico envergonhada só de lembrar. - Ela se mostra decepcionada consigo mesma.

Suspiro ao assentir. - Eu sei que tudo isso foi horrível, mas eu já me desculpei com Benjamin e eu mudei, Helena!. Me tornei uma pessoa melhor e aquela Nadine não existe mais!. - Ressalto, firme.

Ela volta a mim com um ar de determinação. - É difícil acreditar, mas eu espero mesmo que seja verdade. Odiaria pensar que quatro anos não fossem suficientes para que essa mudança acontecesse!. - Seu cenho se franze e seus olhos penetram profundamente os meus. - Mas, amiga?. Nós nunca mais vamos ser!. - Friamente, ela passa por mim e segue o seu caminho.

Me recomponho das suas fortes palavras e me mantenho inatingível com as mesmas.

Úrsula - Nossa!.

Noto a sua presença a alguns passos de distância e sua olhar chocado. Úrsula mudou bastante desde o colégio. Seu cabelo não é mais ridiculamente verde e suas roupas parecem mais parecidas com que qualquer pessoa normal e sã usaria, mesmo que estejam fora de moda.

A Arte Que Me Feriu - Livro II [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora