Aguardo, tomada por uma grande ansiedade, a minha mãe abrir a porta.
Assim que a mesma se abre, o seu semblante de surpresa rapidamente se evidencia, porém, o abatimento está distribuído em pequenos pontos do seu rosto, principalmente suas fundas olheiras. Ela está trajando um pijama longo e seu cabelo está preso em rabo de cavalo desarrumado.
Angelina - Helena?. - Ela mantém a porta semiaberta e dá uma breve esfregada nos olhos.
Helena - Oi, mãe. Precisamos conversar!. - Mantenho a firmeza em minhas palavras e expressões para não correr o risco de fraquejar.
Angelina - Agora?. É... Não dá... Eu preciso me arrumar para ir trabalhar. - Seu estado se mostra um pouco agitado.
Sinto um forte cheiro de álcool vindo dela e o seu estado agitado é mais um indicativo de que ela bebeu.
Helena - Você... Você andou bebendo?. - Questiono, apreensiva.
Ela suspira ao massagear o pescoço brevemente e desviar o olhar para o chão. - Não... Só um pouco, eu...
Totalmente aflita, forço minha entrada até a cozinha e dou de cara com quatro garrafas vazias de vinho sobre o balcão, me fazendo entrar em pânico e sentir o medo me invadir.
A minha mãe já teve muitos problemas com a bebida, isso só piorou depois que meu pai e eu descobrimos que ela escondia isso. Depois de tantas discussões com o meu pai, ela acabou se tratando e garantindo que jamais voltaria a beber.
Assustada com todas as garrafas, a fito, tomada por uma grande aflição. - Você voltou a beber?. Mãe, a senhora prometeu que jamais faria isso de novo.
Ela abraça o próprio corpo e funga com o nariz, visivelmente desnorteada. - Foi só um pouco, Helena...
Helena - Isso aqui parece pouco?. - Aponto para as garrafas, enfurecida e com uma forte vontade de chorar. - Não acredito que está fazendo isso. Lembra de quantos problemas a bebida nos trouxe...? Te trouxe!.
Ver a minha mãe tendo problemas com a bebida, foi algo que me assombrou durante muito tempo. O álcool só gerou mais confusão na nossa infância; presenciei brigas entre meus pais e muitos momentos de descontrole por conta da minha mãe, a ponto de não conseguir se manter de pé.
Angelina - Não é o que você está pensando... Eu posso controlar a bebida!. - Ela afunda a mão no cabelo e começa a jogar as latas no lixo.
Helena - Mãe, você sabe que dificilmente conseguiu controlar o seu vício, não pode fic...
Angelina - EU ESTOU DE SACO CHEIO!. - Ela solta um grito ao socar a lata de lixo.
Seu grito me faz recuar de susto e fazer o medo tomar conta de mim. O mesmo medo que eu sentia quando eu era pequena e a via nesse estado.
Angelina - SEU PAI MORREU E EU NÃO SEI O QUE FAZER... NÃO... NÃO SEI MAIS QUEM EU SOU... Eu... - Ela solta um suspiro pesado ao sentar no banco e cobrir o rosto com as mãos enquanto chora de maneira abafada.
Na mesma hora, me vejo fraca diante da sua atitude e congelo no meu lugar enquanto as lágrimas deixam os meus olhos.
Angelina - Você não entende... Eu não... Não estou mais sabendo lidar com todas essas emoções... Eu... - Seu choro se intensifica. - Eu preciso tentar amenizar essas emoções...
Eu não posse vê-la assim e continuar sentindo raiva, eu preciso agir.
Junto forças para chegar até ela e a envolver um abraço apertado. Meu coração se encontra despedaçado, mas bate de forma frenética.
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A Arte Que Me Feriu - Livro II [Concluída]
Приключения* (Livro II de Apenas Uma Aposta) * Quatro anos após o colégio, Benjamin Leblanc cresceu e amadureceu muito com o tempo desde sua adolescência. Sua vocação sempre foi voltada para a arte, levando-o a abrir, enfim, a sua galeria de arte. A vida semp...