Capítulo 46 - Medo e Tragédia

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Benjamin

Estou completamente mergulhado no pânico dos meus sentimentos com tudo que acabou de acontecer enquanto sou levado para fora pelo meu pai em seu estado de histeria. Só consigo derramar lágrimas e mais lágrimas enquanto lembro do olhar mortificado da Jenny quando toda a verdade foi revelada. Ela parecia tão assustada e desnorteada...

Richard - Não posso acreditar veio aqui. Não depois de tudo que ela te fez passar. - Ele range os dentes enquanto caminha até a rua, exalando toda a sua indignação.

Tento acompanhar seus passos na mesma medida em que seco as lágrimas e busco me recompor. - Pai, eu sinto muito... Eu só...

Richard - O QUÊ?. - Ele grita ao agarrar meus braços e me fitar com a raiva estampada em seu rosto avermelhado e com veias saltadas pelo pescoço e testa. - FALA PARA MIM... O que... O que veio fazer aqui?. - Suas lágrimas descem sem parar enquanto seus suspiros pesados são exalados.

Encosto a minha testa na sua assim que ele se curva e apoio as mãos trêmulas em seus ombros, deixando o choro ganhar forças. - Me desculpa... Eu só queria entender... A dor da dúvida falou mais alto... Foi assim durante tanto tempo...

Richard - Foi... Foi um erro vir aqui... - Seus ombros descem, demonstrando seu cansaço mental e físico. - Viu com os seus próprios olhos tudo que ela conquistou sem você por perto?. Sem sentir a sua falta?.

Assinto, perplexo e presenciando o seu estado de euforia e nervosismo voltando. - Eu... Eu percebi... Eu enxerguei isso, mas eu sei que... Que essa dúvida sempre te perturbou também. - Minha voz oscila por conta do tremor do meu maxilar e de todo o resto. - Eu só não aguentava mais saber que tudo foi culpa minha... Ela ter ido embora... A morte do Brian... Tudo culpa minha!.

Richard - Não... Não... - Ele aperta os dentes ao pressionar os olhos. - OLHA O QUE ELA FEZ COM VOCÊ!. ESSA CULPA... ELA NUNCA FOI SUA!. NUNCA!. - Completamente descontrolado, ele começa a desferir socos fortes em seu carro. - MALDITA!. MALDITA!. NOSSA FAMÍLIA... DESTRÍDA!.

Benjamin - Pai, por favor, para!. - Começo a entrar em pânico total ao ver sua mão começar a expelir sangue nas costas dos punhos e tento contê-lo. - PAI, VOCÊ VAI SE MACHUCAR... POR FAVOR... - Tento encontrar forças para pará-lo, mas todo o meu corpo me abandona e quase me faz cair para trás com a última tentativa de tentar impedi-lo.

Ele permanece socando brutalmente o vidro blindado e manchando o mesmo com o seu sague enquanto grita até dilacerar a garganta. Em um gesto rápido, ele adentra o carro e o liga de forma desengonçada e afoita.

Benjamin - Não... Não... Pai, o que vai fazer?. Precisa se acalmar... - Bato no vidro com todo o meu desespero para fazê-lo me escutar, mas percebo a imersão que sua fúria o mantém. - PAI... ABRE A PORTA.

Richard - VAI PARA CASA AGORA, BENJAMIN!. EU PRECISO PENSAR!. - Ele me grita ao dar um soco no volante e o apertá-lo com força entre as mãos ensanguentadas.

Benjamin - NÃO... NÃO FAÇA... - Me afasto, completamente em pânico assim que o seu carro acelera pela rua. - PAI... ESPERA, POR FAVOR!. - Corro para o meu carro enquanto tento manter a cabeça fria e entro após varias tentativas frustradas de acertar a chave. Ligo o carro e o coloco em movimento para segui-lo. - PAI!. - Bato a mão na buzina incansavelmente assim que vejo o seu carro mais a frente e ganhando velocidade. Prendo o meu cinto enquanto sinto o pavor crescer em mim.

Seu carro vai ultrapassando alguns poucos à frente e segue para uma área mais movimentada enquanto seus pneus cantam e marcam ferozmente o chão.

Sinto o meu pânico transbordar com a sua velocidade em direção ao cruzamento.

A Arte Que Me Feriu - Livro II [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora