Capítulo 6 - Força Tênue

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Dia seguinte

Helena

Segurando um copo de água e dois comprimidos, entro no quarto do meu pai e me aproximo da sua cama

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Segurando um copo de água e dois comprimidos, entro no quarto do meu pai e me aproximo da sua cama.

O vejo com a mesma expressão distante e aborrecida enquanto seus olhos castanhos me olham rapidamente. Sua barba está por fazer e seu cabelo escuro nunca mais foi penteado. Ele está longe de ser o homem esbelto que sempre foi.

Com o coração apertado, sento ao seu lado na cama e lhe dou seu remédio. - Bebe, pai. - Lhe estendo o copo de água.

Ele bufa ao pegar o copo e o comprimidos enquanto evita me olhar. Ele os toma de uma vez e bebe a água por completo. - Não precisa vir todo dia me dar os meus remédios, eu posso tomar sozinho.

Sua pose defensiva sempre me deixa injuriada.

Meu pai sempre foi daqueles que não admitem a fraqueza, em hipótese alguma. Ele tem se negligenciado em cuidar do câncer e a minha mãe nem aguenta vê-lo assim, eu prefiro vir para garantir que ele está tomando os remédios de forma adequada.

Helena - Eu só estou tentando cuidar do senhor. - Coloco o copo na mesinha ao lado e volto a ele.

Eduardo - Eu não preciso que cuide de mim, você tem a sua vida para se preocupar. - Distante, ele se ajeita na cama e fecha os olhos.

É assustador vê-lo assim tão entregue à sua situação. Meu pai sempre seguiu lutando para ter uma vida boa. Sempre tive essa imagem dele. Porém, desde que seu quadro foi piorando, parece que ele simplesmente desistiu de tudo e me dói assistir tudo isso.

Helena - Por que não vamos dar uma volta?. O senhor precisa sair um pouco desse quarto e tomar um pouco de sol. - Tento transmitir um pouco de bom humor enquanto escondo o fato de estar dilacerada por dentro.

Ele permanece imóvel enquanto suspira lentamente. - Eu não quero ir para lugar nenhum. Estou preso nessa maldita cama!. - Seus dentes rangem e sua mão aperta a coberta com força.

Apoio a mão em seu ombro, angustiada com a sua falta de força de vontade para se reerguer. - Pai, o médico disse que o senhor precisa de repouso, mas não está preso nessa cama!. Sair vai te fazer bem. - Insisto, mantendo a esperança.

Agora, mais do que nunca, estou tentando me aproximar do meu pai. Por causa do trabalho, ele e minha mãe sempre foram distantes de tudo que envolvesse o âmbito familiar, distantes de mim. Mas, mesmo depois de tantos anos, eu sigo tentando fazer parte da vida deles, ainda mais agora. Eu quero estar aqui nesse momento em que eles precisam de mim.

Helena - Pai...

Eduardo - Tranca a porta quando sair!. - Diz de olhos fechados ao apontar para a saída.

Suspiro, magoada com a sua atitude de permanecer distante e me levanto de forma lenta enquanto mantenho a esperança de que ele me peça para ficar. Seguro as lágrimas enquanto o vejo deitado na cama com toda a sua falta de força para fazer qualquer coisa que não seja afastar qualquer um que o faça admitir que ele precisa de alguém. Vou até a porta e o encaro uma última vez. - Eu volto amanhã!. - Anuncio com a garganta seca.

A Arte Que Me Feriu - Livro II [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora