Capítulo 45 - O Passado Sempre Volta

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Respiro fundo ao, enfim, ter coragem para tocar a campainha, sentindo um estranho frio na barriga e um suor exacerbado nas mãos. Ouço passos se aproximando e alguém mexendo na maçaneta pelo lado de dentro.

Assim que a porta se abre e revela a pessoa por trás, tudo ao meu redor fica em câmera lenta e me corpo entra em um estado estático e de choque por completo. Todo o ar foge dos meus pulmões em questão de milésimos de segundo. O suor gelado desce pela minha testa, minhas pernas bambeiam como nunca antes e a minha pressão parece ter despencado enquanto a mulher pálida e em pânico me fita com um olhar de morbidade.

Jenny... Eu... Eu não posso estar vendo a... A mesma Jenny... A mesma mulher... A mesma mulher que simplesmente desapareceu anos atrás...

Meus olhos se pressionam várias vezes para se certificarem que a imagem diante deles é real ou apenas um fruto da minha imaginação.

O equilíbrio da mulher se vai na mesma hora em que sua mão cobre sua boca para abafar o desesperado grito de susto. Ela se apoia na porta para não ir ao chão, mas seus olhos permanecem vidrados no centro da minha alma e suas mãos passam a tremer de forma nitidamente desesperada.

Jenny - Ri... Richard?. - Sua voz sai com uma pesada arfada enquanto o temor em todo o seu rosto a impede de fechar a boca ou piscar.

Essa voz... É a mesma voz... A mesma mulher... É a Jenny!.

Nossos reações são exatamente iguais; desespero e pânico, porém, por fora, não sobra forças para reagia de primeira, pois nenhum acredita na imagem que vê.

Jenny - O que... Como... Como chegou aqui?. - Sua escassez de ar a faz perguntar com a voz abafada, praticamente entalada na garganta. 

Tento responder, mas me faltam todos os tipo de palavras; raiva, ira, desespero; dor. Todas se foram. Essas emoções se manifestam por dentro como um furacão dilacerador e impiedoso.

Richard - Jenny... - Minhas respiração pesada passa a tremer enquanto a raiva consome o meu peito. - Não... Não posso estar na sua frente... Não pode ser você... - Tento fazer a sua imagem sumir da minha vista, mas ela permanece vívida e clara diante de mim.

Sua imagem na minha frente, me catapulta diretamente para o passado. Para aquela noite... A maldita noite que tirou o meu filho de mim. Os gritos... O barulho perturbador do acidente... A ambulância... Todos os sons invadem a minha mente e trazem a dor para o meu peito da forma mais cruel possível.

Jenny - Como me... Como me encontrou?. - Ela me fita de cima a baixo, mergulhada na perplexidade da minha presença. Seu rosto sua e seus olhos piscam em uma frequência anormal.

Sorrio de forma involuntária e revoltada com a sua pergunta e com a droga da sua presença. - Não... Você... Você está me fazendo perguntas?. - Questiono, indignado ao apertar as minhas mãos e sentir as mesma começarem a doer com o sangue parando de circular. - Sua...

Seus olhos amedrontado e apreensivos olham para dentro e voltam a mim enquanto ela se mostra totalmente assustada e atormentada. - Rich...

Richard - ESSA É A DROGA DA PERGUNTA QUE VOCÊ ME FAZ?. VOCÊ AINDA TEM CORAGEM DE SE SENTIR NO DIREITO DE ME PERGUNTAR ALGUMA COISA DEPOIS DE TUDO QUE ME FEZ?. - Grito com todas as minha forças  enquanto sinto a garganta arder e a voz falhar. Minha testa começa a doer e meu maxilar alcança um nível de tensão também doloroso.

Minha mente está tão barulhenta e bagunçada, que qualquer pensamento lúcido e sensato evapora completamente.

Sua primeira reação é encolher os ombros, arregalar os olhos e recuar de susto ao encostar as costas na porta. - Richard, você...

A Arte Que Me Feriu - Livro II [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora