⚠️ TW: Violência e abuso.
SEXTA À NOITE
Iríamos voltar para casa de ônibus, levaria em torno de uma hora.
Antes de pegarmos o ônibus, paramos em uma loja de conveniência para comprar uísque e cigarros. A volta para casa foi silenciosa, meu tio prontamente adormeceu depois de empurrar as garrafas vazias para eu segurar.
Quando o ônibus parou com um solavanco no ponto quase em frente a nossa casa, ele acordou com um sobressalto.
Caminhei com ele cambaleando até a porta e ao chegarmos ele me empurrou.
- Entre!
Andei apressadamente para a cozinha e quando olhei para trás, ele estava desmaiado no sofá, roncando. Eu suspirei aliviada e subi para o meu quarto, caindo na cama, dormindo quase na mesma hora, em um sono carregado de ansiedade.
SÁBADO
Na manhã seguinte, quando desci as escadas, ele ainda estava dormindo. Eu não sabia o que fazer e eu não tinha jantado ontem à noite, então vasculhei a cozinha à procura de algo para comer. O pão amanhecido e os ovos podres que estavam na geladeira não pareciam muito apetitosos, então resolvi preparar um pacote de macarrão instantâneo.
Eu estava terminando a última garfada quando senti o cheiro de sua respiração sobre meu ombro, deixando cair meu garfo.
Ele tinha acordado.
- Posso preparar alguma coisa se-
- Quem te deu permissão para comer isso?
- N-ninguém - eu gaguejei - eu só.. bem, você estava dormindo, então eu pensei...
A batida me pegou de surpresa, atingindo meu ouvido, quase me derrubando da cadeira e eu choraminguei.
- Você pensou errado! - gritou, me empurrando para a sala de estar - eu não ia te castigar hoje, mas..
- Tio... - tentei argumentar quando o vi chegar mais perto e enxerguei a fivela do cinto - tem mais macarrão. Eu posso fazer um pouco mais, ou qualquer outra coisa, se quiser...
- Isso - ele falou friamente - é por ignorar o meu primeiro telefonema.
- Por favor, não! Eu vou fazer tudo certo, eu juro!
Isso só o irritou mais. Regra número dois. Ele avançou sobre mim, agarrando-me pelos cabelos e me puxando para o sofá. Depois me soltou, um sorriso sádico no rosto. Senti o cinto nas minhas costas repetidas vezes. Mais marcas nas minhas costas. Eu não iria poder ir para a piscina de novo, nem usar as camisetas que Wednesday queria.
Senti o cinto queimar minhas pernas e minha cabeça ser puxada para trás quando as mãos dele agarrou de novo os meus cabelos. Ele me batia com o sinto e puxava meu cabelo com força. Senti-me tonta. Minha cabeça estava girando. Eu não podia aguentar mais. Eu não podia. Concentrei-me na memória de Wednesday, lembrei de nós na cozinha e de quando ela me abraçou no estúdio.
- VADIA INÚTIL - ele gritou de repente, largando o cinto, com o peito arfando - levante!
Com as pernas bambas, eu estava de pé, tremendo, apesar do calor.
- O que você tem para me dizer? - ele me deu um tapa de novo, minha bochecha queimava. O medo dele marcar meu rosto era quase tão forte quanto a dor.
- Sinto muito - murmurei - eu sinto muito.
- Será que você vai fazer isso de novo?
- N-não. Não, senhor. Não, eu não vou.
Ele olhou para mim por um longo momento antes de concordar.
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Silhouettes
FanfictionDepois de passar quase toda sua vida sendo abusada em sua própria casa, Enid Sinclair vai finalmente conhecer o mundo exterior. Em busca do prêmio em dinheiro que o melhor excluído irá ganhar no fim de uma competição que acontecerá na Escola Nunca...