Capítulo 39

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- Quer saber, Enid? - disse, deitada de frente para ela, na cama.

- O que? - estava escuro demais para enxergá-la, mas eu sabia que ela estava olhando em minha direção.

- Você tem razão - disse, simplesmente.

- Sobre o que?

- Sobre eu ser a melhor pessoa do mundo - abafei o riso com uma das mãos.

- Ah, Wednesday, me poupe da sua prepotência - Enid ralhou, mas a diversão estava presente em sua voz.

- Estou brincando. Mas, olha, não posso deixar de dizer o mesmo sobre você.

Ela soltou uma risada sem humor.

- Não precisa mentir, okay?

- Eu não estou mentindo - falei. Eu realmente não estava.

- Como não? Você conhece uma gama de gente incrível e eu... eu sou só eu.

- Eu conheço uma gama de gente que se aproxima de mim por interesse e com quem eu tenho relações superficiais. Eu estive pensando, Enid, eu estive sozinha por muito tempo... quer dizer, sem ninguém realmente próximo a mim, entende? E, em anos, você foi uma das primeiras pessoas com quem eu tive algo genuíno, uma amizade de verdade. Sem falar que você é forte, resiliente, inteligente e brilhante. Então, para mim, você é a melhor pessoa do mundo também.

Ela ficou em silêncio e, por um instante, eu me senti envergonhada por ter confessado aquilo.

- Isso é importante - ela sussurrou por fim.

- É importante - coloquei uma mão em seu cabelo e comecei um carinho.

Alguns minutos de silêncio se passaram e eu achava que ela já tinha dormido. Fiquei traçando caminho com meus dedos entre seus cabelos, me sentindo estranhamente aquecida, mesmo que a noite tenha esfriado.

- Wed? - ela murmurou, a voz mansa.

- Sim, Nid?

- Eu descobri uma coisa com você.

- O que? - perguntei, curiosa.

- Eu gosto de carinho.

- Nid.

- Hm?

- Eu descobri uma coisa com você - imitei sua declaração e ela soltou um risinho nasal.

- O que?

- Eu gosto de dar carinho - me aproximei dela e deixei um beijo em sua bochecha quentinha - durma, meu amor. Amanhã vai ser um longo dia.

QUINTA SEMANA DE COMPETIÇÃO: TERÇA

ENID'S POV

- Jura que você foi tão estúpida a ponto de acreditar nisso tudo? - seu tom exalava desprezo e aquele desprezo me ofendia - eu avisava todo santo dia para ter cuidado com esse tipo de gente e olha só o que você faz: esquece seu próprio tio, para cair na lábia dessa gente.

Eu não conseguia registrar quase nada do que ele dizia, porque meu cérebro estava ocupado tentando se agarrar ao que Wednesday e as meninas haviam me dito.

- Eu não me arrependo! - gritei, porque agora eu tinha coragem.

- Eu sei! - ele gritou muitos tons acima do meu - porque você é burra demais para isso - houve uma alteração em sua voz - mas não se preocupe, você vai aprender.

Ouço o tilintar do cinto e estava me preparando para o que viria, quando a voz de Yoko me empurrou para fora da inércia.

- Enid? - abri meus olhos e, de repente, eu estava na cozinha do prédio Ophelia.

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