Capítulo 15

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SEGUNDA SEMANA DE COMPETIÇÃO: QUINTA

- Enid - a voz zombava, me perseguindo, aproximando-se, não importava o quão rápido eu corresse. Haviam tantos corredores, entradas para a direita e para a esquerda, eu não tinha ideia para onde ir - eu vou achar você, Enid - a voz estava mais perto. Eu estava ofegante. Como isso era possível? Corri mais rápido - venha aqui, sua inútil.. seu tio vai te pegar..

Não! 

Eu corri.

- Enid, meu amor!

Me virei.

- Mamãe! - de onde vinha sua voz?

- Enid! - ela chamou de novo, e eu entrei em um dos corredores.

- Mamãe!

- Por aqui, querida!

Virei a esquerda e lá estava ela.

- NÃO! - um cadáver pálido com sangue escorrendo pelo corpo - mãe? - era um beco sem saída. Nenhum lugar para ir. Minha mãe morta na minha frente e meu tio logo atrás.

- Enid - o cadáver moveu-se em minha direção, sorrindo - hora de ir para o seu tio, meu anjo.

-NÃO! - tentei sair daquele labirinto em pânico - deixe-me sair!

- Espere o seu tio, Enid. O seu tio te ama muito.

- Te peguei, inútil - seus braços me apertaram e eu gritei, as paredes se derreteram e de repente estávamos no porão de casa. Presa. Nenhum lugar para ir.

- Deixe-me ir, deixe-me ir! POR FAVOR! - seu rosto era tudo que eu conseguia ver. As bordas da minha visão foram desfocando com o pânico familiar, eu podia sentir a minha respiração acelerando.

- Não - eu soluçava. Eu ia morrer, ele ia me matar, eu ia morrer, eu ia mo-

- Enid - sua voz agora parecia preocupada. Isso era estranho. Normalmente, ele não se importava - Enid, por favor, acorde. Abra seus olhos.

Meus olhos estavam abertos. Eu podia sentir, eles estavam abertos, olhando diretamente para meu tio, em seus olhos sem alma.

- Olhe pra mim, Enid. Isso, foco em mim.

Uma coisa estranha estava acontecendo. O rosto de meu tio estava ficando desfocado e suas feições estavam sendo substituídas. Wednesday imediatamente estendeu sua mão e segurou meu braço. Não de forma ameaçadora, nenhum pouco.

- Isso - ela murmurou quando me viu concentrar nela - olhe para mim. Basta respirar fundo.

Eu estava ofegante, tentando respirar profundamente, arfando. Eu senti como se tivesse acabado de ter um ataque de pânico ou prestes a entrar em um.

- Você teve um pesadelo - ela esclareceu - você está bem agora? - meneei a cabeça positivamente, afastando-me. Meu cabelo estava empapado de suor, mas o resto dos efeitos físicos estavam desaparecendo.

- Eu estou bem - eu disse calmamente, esfregando minhas têmporas - que horas são?

- Oito - ela olhou no celular e disse.

- Oito? - repeti, em estado de choque - eu dormi por quase seis horas seguidas?

- Para você isso não é normal? - mordi meu lábio - na verdade, você acordou algumas vezes.

- Eu te acordei? Muito?

- Não, só umas duas vezes. Você se mexia e choramingava. Eu consegui te acalmar e você voltou a dormir rápido - falou e parou - as outras vão acordar daqui a pouco - disse, levantando - eu vou voltar para a minha casa hoje, então você não vai me ver por aqui.

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