Capítulo 41

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WEDNESDAY'S POV

23h:30

- Nid... - cutuquei sua cintura, mas ela sequer se mexeu. Enid estava jogada contra o braço do sofá, dormindo. Eu tinha acabado de acordar, tínhamos pego no sono enquanto assistíamos. 

Me permiti analisá-la um pouco antes de insistir em acordá-la. O short de malha que ela usava deixava evidente o processo de cura dos hematoma, a maioria agora apresentava um aspecto verde ou azul. Seus braços tinham poucas marcas, todas num tom mais claro, e seu rosto agora estava quase intacto.

Em momentos assim, onde ela não notaria que eu estava a observando, eu podia notar genuinamente como Enid é linda; a pele branquinha, os cabelos claros, sem falar nos azuis, que agora estavam escondidos por trás de suas pálpebras. 

O dia inteiro tinha sido muito sossegado. Comparando com a última vez que estive aqui com ela. Posso dizer que a evolução foi incrível. Raramente se encontrava a Enid triste e insegura, apesar de ser inevitável o surgimento desse lado dela em determinadas situações. 

Chegamos tarde em casa no dia anterior e logo fomos para nossos quartos dormir. Eu acordei cedo hoje, mas Enid acordou tarde, quase na hora do almoço. Eu adorava essa parte, como ela refez totalmente seus hábitos de sono, de dias sem dormir para dormir por um tempo decente ou mais que isso.

Almoçamos e passamos a tarde inteira conversando e relaxando no jardim por trás da casa. A sensação ainda era nova. A Enid engraçada, espontânea e descontraída ainda era novidade, chegando a me surpreender às vezes.  

Sobre como eu me sentia sobre nossa relação? Feliz... e confusa. Acho que nunca me afeiçoei tanto a alguém quanto me afeiçoei a Enid e nunca convivi tão proximamente a alguém que não fosse da minha família quanto convivi com ela, mas será que...? A sensação de calor no estômago e os picos de felicidade ao lado dela significavam que...?

Mas levar aquilo adiante seria seguro? Levando em consideração Enid e tudo pelo que ela passou, era confiável ensejar algo assim com ela? Eu não sei. Eu nunca quis resumi-la a tudo de ruim que ela passou, mas ela evidentemente teria marcas disso pelo resto de sua vida e onde havíamos chegado já era um marco significativo, eu não sei se expectar algo além seria uma boa ideia.

Por mim, parecia tentador. Mas era a opinião e os sentimentos dela que importavam de verdade para mim. E esse assunto não era bem uma preocupação agora, além de ser assustadoramente confuso.

- Nid, acorda - acariciei sua cintura com o polegar da mão que repousava lá.

- Hmm? - ela sequer abriu os olhos.

- Nid, nós podemos subir e dormir na cama, aqui não é confortável - a sacudi mais um pouco e dessa vez ela abriu os olhos, sentando-se logo em seguida.

- Não podemos ficar e assistir mais um pouquinho? - sua voz saiu baixa e eu ri de seu pedido insólito.

- Sério que a senhorita que estava no décimo sono quer mesmo ficar para "assistir mais um pouquinho"? - ergui uma sobrancelha. 

- Weeed! - ela gemeu.

- Você quer companhia? Você pode dormir comigo ou eu posso dormir com você - sugeri, mas ela levantou de supetão.

- Não, não! - ela encolheu os ombros - tudo bem!

- Tem certeza? - perguntei, também levantando do sofá, tentando decifrar seu desígnio e o motivo da mudança súbita de postura. Eu não gostava nada quando nossa interação virava um jogo de adivinha.

- Sim, eu tenho. Vamos? - ela estendeu a mão e algo dentro de mim suavizou, ao menos não terminaríamos a noite nos estranhando.

Fomos caminhando até o quarto dela com nossas mãos presas uma à outra pela ponta de nossos dedos, mas ela soltou quando chegamos ao seu destino.

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