Capítulo 62

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N/A: 1. O capítulo ficou muito grande, então será dividido em quatro partes, que serão postadas em dias consecutivos; 2. Neste capítulo acontece um julgamento criminal. Lembrando que eu não tenho conhecimento na área de direito e, apesar de ter estudado para fazer esse capítulo próximo à realidade, vão conter erros, mas a gente ignora e chama de licença poética hehe; 3. A escrita foi pesada e, consequentemente, a leitura pode ser pesada para alguns também.

Parte 1/4

TW: Violência e linguagem explícita.

TOM'S POV

Pirralha imprestável.

Vinte e cinco. Vinte e cinco dias entre a delegacia e a prisão. Enid iria me pagar por me ter feito ficar preso todos esses dias como se eu fosse um criminoso qualquer.

No dia que aconteceu o flagrante, eu entrei em contato com um amigo meu que é advogado e ele logo fez o pedido de liberdade até o julgamento, mas é claro que a canalha da juíza deu preferência àquela gente rica e mesmo com o Habeas Corpus, ela negou o pedido e eu tive que ficar em prisão provisória.

Finalmente tinha chegado o dia daquele julgamento estúpido. A sala em que estávamos, onde iria ser feito o julgamento, era dividida entre a parte da frente, que a juíza iria ficar, ao lado dos promotores, e os dois lados, o lado da defesa - onde estava meu advogado e eu - e o lado da acusação - munida dos advogados da Wednesday.

Aquela pirralhinha estava confiante demais para o meu gosto e meu desejo de ser solto logo não era nem pela liberdade em si, eu só queria sair para fazê-la pagar por tudo que me fez passar esse mês. Eu faria com ela o que por pena deixei de fazer todos esses anos. Com ela e com Wednesday Addams.

A idiota da Addams com certeza devia estar se sentindo a dona da porra toda, só porque tinha dinheiro, como se algum advogado, por melhor que fosse, fosse capaz de provar uma coisa que ninguém nunca viu e que ficou no passado. Sem falar que Enid era burra demais para contar o que acontecia. E ninguém estaria esperando pela carta na manga que eu tinha.

A parte da acusação tinha os melhores advogados do estado, sendo Mark Phillips o principal deles; eu soube disso através de Matthew. Matthew Hurst era meu advogado, ele tinha umas dívidas pendentes comigo e essa foi uma boa forma de pagamento. O plano que ele bolou parecia perfeito, a certeza de que eu não iria me dar mal reavivava minhas energias.

- Sessão 18, do tribunal do distrito judicial. A juíza Justine Jones preside ordem e silêncio no tribunal - o promotor deu início àquele circo - Todos de pé para a Meritíssima Juíza.

Assim que ele terminou de falar, a juíza entrou no recinto, a mesma imbecil que tinha negado nosso pedido de Habeas Corpus. Todos de pé para ela, como se aquela vigarista fosse grande coisa.

- Por favor, sentem-se - ela pediu, fazendo todos obedecerem como se fossem um bando de cachorrinhos adestrados. Eu, é claro, só fiz o mesmo porque além de estar cercado de guardas, ainda tinha que interpretar meu papel de bonzinho por hoje.

- Esse tribunal se reúne na questão do julgamento de Tom Sinclair, sob a acusação de violência contra a menor Enid Sinclair - o mesmo promotor continuou e eu tive que me esforçar para não revirar os olhos. Puta merda, que chatice! Violência ia ser quando eu me libertasse e colocasse as mãos naquela inútil de novo.

- Advogados? - a juíza chamou, fazendo com que Matthew e Mark caminhassem até ela, para uma rápida conversa em particular.

- Bom dia a todos - Matthew começou, depois de ter falado com a juíza por cerca de um minuto - O caso que temos aqui é bastante complexo, um caso que demonstra o que um transtorno mental pode causar na vida de uma pessoa. O acusado é o senhor que vocês veem ali - falou, apontando para minha direção e eu fiz a minha melhor cara de coitadinho - Tom Sinclair. Tom perdeu sua irmã quando sua sobrinha ainda era pequena, sua irmã teve depressão pós-parto após o nascimento de Enid Sinclair, nunca conseguindo se recuperar e acabou morrendo quando Enid ainda era criança, ficando para a ele a responsabilidade total, sem amparo algum, de cuidar dela. No estresse de dar conta da casa, do trabalho e da família, Tom acabou desenvolvendo uma dependência em álcool. Sua relação com Enid, apesar de tudo, sempre foi muito saudável. Enid tinha comida, casa, educação, proteção e amor, tudo que deveria receber em um lar; mas um erro, literalmente um único erro, está ameaçando apagar tudo que de bom que Tom fez por ela. O consumo excessivo de álcool acabou desencadeando em Tom o Transtorno Explosivo Intermitente, um problema comportamental caracterizado por explosões de violência.

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