Capítulo 22

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⚠️ TW: Violência e abuso.

SÁBADO

Eu estava na cozinha, tomando café, com ansiedade, quando meu tio veio trovejando, descendo as escadas com pressa, falando ao telefone.

- Sim, sou eu.. Tom Sinclair - ele invadiu a cozinha, se jogando em um banco e apontando para eu fazer seu café da manhã. Imediatamente, deixei meu prato e levantei para fritar alguns ovos.

Eu estava aquecendo a frigideira, quando algo em sua voz me fez parar. Eu sequer tinha me preocupado em saber com quem ele estava falando, mas agora eu estava curiosa. Fingindo abrir e fechar gavetas, diminuí meus movimentos, escutando a conversa.

- Sim, claro. Eu gostaria de me manter atualizado... não pude atender o telefone pois estive muito ocupado no trabalho - ele estava falando devagar e com a voz rouca, olhando para mim de vez enquando - ok... sim. Terça-feira à noite? Ok... ok... espere, o quê? - ele empurrou a mesa ruidosamente, o ódio brilhou em seu olhar. Parei meu trabalho, olhando para ele com os olhos arregalados.

Meu estômago dava nós e nós. Era alguém de Nunca Mais, eu sabia! Dizendo a ele sobre mim, sobre o que eu tinha feito. Merda, eu estava morta.

- Ela fez o quê? - ele disse, nervoso, olhando para mim - eu não sabia, não... o que mais? Apendicite? Meu Deus... sim, eu estava num telefonema quando ela estava fazendo a audição, não ouvi ela falar isso. Não posso acreditar que ela... sim, definitivamente. Isso vai ser resolvido, não se preocupe. Sim, sim. Ok, muito obrigada por me informar. Tchau.

Houve uma fração de segundo de silêncio antes dele estourar.

- QUE PORRA VOCÊ FEZ?!

- Você que mandou! - soltei - você disse que eu devia-

Ele avançou até mim, suas mãos agarrando meu pescoço, apertando e apertando e sacudindo até manchas pretas brilhantes começarem a dançar hipnoticamente em minha visão em questão de segundos.

- EU NÃO MANDEI VOCÊ PARAR NUM HOSPITAL, SUA CADELA! E AINDA DEIXOU QUE DESCOBRISSEM SOBRE A MENTIRA PATÉTICA QUE VOCÊ INVENTOU!

- Sinto muito - pronunciei com dificuldade, suas mãos bloqueando a passagem de oxigênio para o meu corpo - eu não queria.

- SUA INÚTIL, FRACA! - gritou - você não consegue passar um dia sem estragar tudo, não é? Imprestável! VOCÊ ESTRAGOU TUDO! - ele soltou meu pescoço e eu tentei me recompor, buscando ar com urgência.

- Eu estraguei tudo - confessei entrecortada, enquanto ele se afastava de mim e caminhava até a mesa da cozinha - não era minha intenção, mas eu arruinei tudo como você disse e todo mundo me odeia agora e eu estou tão arrep-

- ISSO NÃO É O SUFICIENTE! - ele empurrou a mesa em minha direção. A mesa virou e caiu por cima de mim me fazendo desequilibrar e cair contra o balcão da cozinha. Minha mão saltou para trás procurando equilíbrio, gritei com a dor quando meu antebraço encostou no fogão quente. Puxei meu braço rapidamente, mas era tarde demais, um pedaço da carne já estava num vermelho vivo.

- Ai - choraminguei, apertando a pele ao redor. Estava doendo tanto - tio, meu braço... - ele me deu um olhar superficial, antes de me puxar e me atirar contra o chão com força.

- Eu não dou a mínima! - minha cabeça bateu contra o balcão, fazendo um estalo forte - você mere... - ele não teve tempo para terminar a frase, porque a campainha tocou alto - merda - ele xingou, olhando para mim, como se fosse minha culpa - levante - ele me puxou do chão, me dando uma olhada rápida para verificar se não havia nada de errado. Minha cabeça latejava e meu pescoço agora estava marcado, mas ele puxou a gola da minha camisa para cima - fique aqui dentro e não saia a menos que eu te chame.

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