Capítulo 44

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SEXTA SEMANA DE COMPETIÇÃO: SEGUNDA-FEIRA

- Está acordada faz tempo? - perguntei, assim que abri meus olhos, vendo Enid sentada na cama, recostada sobre a cabeceira.

- Na verdade, estou. Acordei mais cedo.

- Ficou sem fazer nada esse tempo todo? 

- É - ela deu um riso fraco.

- Repensou sobre um telefone novo? Um telefone é bem distrativo - sugeri a ideia novamente.

- Obrigada, Wed, mas é como eu disse: eu nunca usei muito, então não me faz falta.

- Hm, okay. Mas você vai precisar de um, você sabe, para falar comigo quando eu precisar sair para algum lugar, para falar com as meninas.

- Uhum - ela assentiu. Eu sabia que ela estava ali, mas a cabeça dela estava em outro mundo.

- Você dormiu bem? Teve pesadelos? - perguntei. 

- Eu estou bem.

- Okay - desisti, ela estava tensa e eu sabia que nada mudaria aquilo naquele momento - temos que levantar e nos aprontar para ir.

- Tudo bem - ela assentiu, saindo da cama, assim como eu.

Deixei-a no quarto dela, se preparando, e voltei ao meu. Tomei banho, me troquei e desci para a cozinha.

Eu não sabia o que esperar do que viria a seguir, não sei se Enid só ficaria nervosa, se ela iria se recusar a falar, se ela iria ter um ataque de pânico, existiam inúmeras possibilidades e todas eram prováveis. Eu só queria que fosse possível que ela fosse, falasse e tudo ficasse bem, mas eu não podia contar com o incerto. 

- Aí está você - ela falou, sentando-se ao balcão. 

- Aqui estou eu - sorri e, felizmente, ela retribuiu o gesto. 

- Acho que se eu morasse aqui, levariam meses para eu me acostumar com o tamanho dessa casa - ela se reclinou sobre o balcão e eu me reclinei do lado contrário a ela, ficando frente a frente.

- Você mora aqui.

- Agora - ela disse.

- Não, Enid, você mora aqui.

- Sim, agora.

Manter a calma. Manter a calma. Manter a calma.

- Por que agora? - perguntei.

- Porque não sabemos o que vai acontecer depois... de tudo isso.

- É? - arqueei a sobrancelha - então, você acha mesmo que eu deixo que me tirem o que é meu?

- Wed! - ela enterrou o rosto nos braços cruzados sobre o balcão, a voz saindo abafada - e o que eu sou sua?

- Minha futura esposa - brinquei, alisando seu cabelo, ouvindo sua risadinha - anda, olhe para mim.

- Eu estou com medo - ela levantou a cabeça, admitindo - ah, Wednesday, e se eu tiver desaprendido a viver sem você?

- Olha, Enid, é ótimo receber a confirmação de que você ama minha maravilhosa presença, mas não sei porquê você está pensando nisso, você não vai a lugar algum sem mim, senhorita.

- Eu não sei, eu tenho muito medo do que pode acontecer - confessou.

- Eu posso te prometer. Independente do que aconteça, você vai estar aqui comigo no final. 

- Você promete? - perguntou, sem muito ânimo.

- De dedinho - estendi o meu mindinho e ela o cruzou com o dela.

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