Capítulo 33

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SEGUNDA

WEDNESDAY'S POV

Acordei comodamente, abrindo os olhos e retomando as memórias de onde eu tinha dormido. Senti Enid ao meu lado, sua cabeça descansando perto do meu pescoço, de modo que eu podia sentir sua respiração. Um braço meu estava por cima dela e seu corpo estava encolhido devido ao frio que fazia.

Fechei os olhos novamente, desfrutando da sensação.

As coisas com Enid estavam avançando consideravelmente. Ela ainda não se sentia a vontade para falar sobre o que acontecia, mas as barreiras fortemente presentes nos primeiros dias diminuíam cada vez mais com o passar do tempo. Era difícil olhar para ela e enxergar além de sua frágil aparência, mas eu sabia que Enid era mais do que aquilo. Sua opinião forte, o jeito como ela apreciava genuinamente aqueles que se importam com ela, a inteligência e a sensibilidade dela, essas sim eram características autenticas da Enid. E eu era apaixonada por cada uma elas. Enid era cativante e era um prazer para mim, e tenho certeza que também para as meninas também, poder conhecer sua individualidade.

Olhei para ela, tão branda e tranquila, sem a tensão que lhe rondava o tempo todo. Se fosse possível ignorar as contusões que ainda decoravam seu rosto, agora em tons mais escuros, seria possível enxergar a paz em sua completude. Sorri com a visão, porque algo em Enid me deslumbrava.

Analisei os machucados visíveis em seu rosto - um de seus olhos ainda estava levemente escuro embaixo, sua sobrancelha direita tinha um pequeno corte e o espectro de cores em sua mandíbula contrastava gritantemente com sua pele branquinha - ela se sentia muito desconfortável quando alguém encarava as marcas por mais de alguns segundos, assim eu raramente o fazia. 

Estendi a mão para o hematoma em sua mandíbula e acariciei delicadamente e ela grunhiu baixinho, antes de voltar à seu sono profundo.

Me estiquei no colchão, tentando alcançar meu celular sem acordá-la. 

10h:47m

Caramba, quase onze horas da manhã! Me livrando parcialmente da preguiça, levantei minha cabeça e passei os olhos pelo sala, me dando conta de que estava vazia. Achei melhor acordar Enid para comermos, pois ainda hoje teríamos que tirar os pontos da testa dela, além de irmos para casa buscarmos nossas coisas, depois voltarmos para cá. Eu também teria que ver a questão de onde ela dormiria de agora em diante. Obviamente ela não voltaria a dormir onde tudo aconteceu há menos de uma semana, aliás eu já tinha solicitado que o pessoal da produção desoculpasse o quarto, que não seria mais utilizado durante essa temporada do programa. Os outros quatro quartos estavam ocupados por Sophia, Olivia, Alex e eu, respectivamente. 

Bem, arrumaríamos um jeito.

- Nid - comecei a sacudi-la gentilmente para acordá-la. Ela resmungou alguma coisa e desviou do meu toque - Nid, acorde - insisti, tocando sua bochecha, e ela abriu os olhos preguiçosamente, esboçando um pequeno sorriso - Hey, bom dia.

- Bom dia - ela coçou os olhos, sentando no colchão - que horas são?

- São praticamente onze horas.

- Wow, antes eu não conseguia dormir nem uma hora seguida! - ela divagou - agora eu durmo doze horas seguidas, sem interrupções. Meu Deus, eu preciso de um banho.

- Eu também. Vamos, levanta.

Fizemos nossa higiene matinal no banheiro social e depois encontrando as meninas tomando o café da manhã na cozinha. Levamos cerca de meia hora entre comer e conversar, depois subimos para tomar banho e nos trocarmos, nos despedimos brevemente das meninas e saímos.

[...]

- Só mais alguns, meu amor - tentei acalmá-la, enquanto ela apertava minha mão. Na verdade, eu não fazia ideia de quantos pontos faltavam tirar, porque eu já estava ficando enjoada com a vista dos pontos sendo puxados.

SilhouettesOnde histórias criam vida. Descubra agora