Capitulo 48

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- Wed-

- Hey - beijei sua boca novamente - não se sinta pressionada a dizer alguma coisa, okay? Tem muita coisa acontecendo nessa sua cabecinha agora, não tenha pressa.

Puxei-a para um abraço e ela me deixou confortá-la.

Logo senti meu pescoço ser inundado por mais de suas lágrimas e eu fiz carinho em suas costas e em seu cabelo, quase balançando-a em meus braços.

- Wed - ela separou de mim, os olhos vermelhos de tanto chorar - Wednesday, eu já pensei tanto sobre isso, mas eu não sei. Eu juro que eu não sei - as lágrimas insistiam em cair e eu achava que as lágrimas dela esgotariam naquele dia do tanto que ela já tinha chorado.

- Está tudo bem, Enid - acariciei sua bochecha, mas ela sacudiu a cabeça negativamente - o que está te incomodando?

- Eu não sei - ela repetiu num sussurro.

- Nid, está tudo-

- Eu não sei, Wednesday! Eu não sei se foi quando nem os fins de semana me deixavam mais tão triste, porque na Segunda eu teria você por mais cinco dias; ou se foi quando a ideia de dormir não me assustava tanto, porque por quatro dias tinha você me esperando lá em baixo e por mais três você era a única coisa que aparecia quando eu fechava os olhos - ela soluçou - eu não sei se foi quando dormir com você deixou de ser necessidade e passou a ser desejo; se foi quando eu deixei de temer contato físico e passei a ansiar pelo seu; se foi quando você me beijou e mostrou que esse tipo de toque pode ser bom. Eu não sei se foi quando você virou o meu primeiro pensamento do dia e o último antes de eu ir dormir; ou se foi quando eu estava longe e passei a desejar que você estivesse perto, mesmo sem nem saber o porquê. Eu não sei, eu não sei, eu não sei, Wednesday! Eu não sei quando eu comecei a amar você!

Naquele momento, eu já não sabia quem chorava mais. Eu também já não sabia como era minha vida antes de Enid, porque eu não me imaginava mais vivendo sem aquela garota, sem cuidar dela, sem o sorriso dela, sem o beijo dela, sem o bom dia e o boa noite dela. Enid estava em tudo agora. E, naquele momento, ouvindo-a dizer aquilo, meu coração não podia se sentir mais exultante.

- Por que você faz isso com meu coração, idiota? - a abracei pela milésima vez naquela manhã.

- Você quem começou - murmurou - você sempre começa!

- Eu? - separei dela, colocando a mão no peito, falsamente ofendida.

- É, você! - ela enxugou as minhas lágrimas com os polegares e deixou um beijo na minha bochecha - caramba, eu amo você!

- Caramba, você me ama! - fiz um beijinho de esquimó, fazendo-a sorrir.

- Wednesday.

- Sim, amor?

- Me beija? - sussurrou.

Com toda prontidão que eu podia oferecer, capturei seus lábios, impulsionando suas costas de encontro a cama, ficando parcialmente por cima dela. Diferente das outras vezes, aquele beijo não começou de forma acanhada e calma, muito pelo contrário, havia um desejo veemente ali, como se aquilo fosse necessário para selar as confissões que acabamos de fazer. 

Beijar Enid sempre tirava minhas forças racionais e tornava minhas ações meramente instintivas. E eu novamente me dei conta disso quando minha língua acariciou a sua e eu a ouvi soltar um gemido baixo. 

Largando qualquer vislumbre de autocontrole, deixei um caminho de beijos dolorosamente lento até a área próximo a sua orelha. Sua respiração pesada e suas mãos vagueando alvoroçadamente por minhas costas não ajudavam em nada na chance de interrompermos aquele momento.

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