Capítulo 1

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11 de Outubro de 2020.

Hoje venho me despedir do amor da minha vida, minha vózinha, que deu a vida por mim durante nove anos, foi minha mãe, minha amiga, meu alicerce e me ensinou tudo que eu sei hoje.

Assim que cheguei ao cemitério com a minha madrinha Júlia, de primeira vi a Alessandra perto do caixão chorando, assim que ela levantou a cabeça e os olhos dela bateram em mim o chororô aumentou, meus irmãos foram até ela e ficaram segurando a mesma, eu apenas neguei e fui com a minha madrinha até uma fileira de cadeira que não tinha ninguém e sentamos ali.

- Lu - minha madrinha me chamou e eu levantei a cabeça olhando para ela - você vai lá ver a neuzinha?

- Espera aquela mulher sair dali que eu vou, tudo bem? - respondi a ela depois que assenti, ela olhou uns segundos pra aonde a Alessandra estava fazendo o espetáculo e logo voltou a me olhar e assentiu.

Fiquei sentada ali olhando a cena que aquela mulher estava fazendo cerca de uns 20 minutos, nesse tempo todo mundo que chegava ia até a mesma, abraçava, ficava uns tempos olhando pro caixão e logo saía, depois que finalmente uma mulher e meus irmãos tiraram ela de perto da minha vó, eu levantei da cadeira e fui lá, assim que meus olhos bateram na minha vó, me deu um aperto no coração tão grande e por fim eu desabei de chorar.

- Levanta dai minha vida, você prometeu nunca me abandonar - falava em total desespero enquanto acariciava o rostinho da minha vozinha.

Fiquei ali uns quinze minutos chorando sozinha, abraçada com o amor da minha vida, eu senti umas mãos tocar nos meus ombros, eu levantei a cabeça e era o meu pai.

- Me ajuda pai, acorda ela, não deixa tirarem ela de mim por favor - eu estava agarrada nele, enquanto ele apenas me apertava forte em seus braços, eu levantei a cabeça o olhando - pai por favor, ela é tudo que eu tenho...

- Filha... - foi a única coisa que saiu da boca dele e ele desabou em lágrimas, primeira vez na vida que vi meu pai chorando, ele gostava muito da minha vó, quase todos os finais de semana ele ia almoçar com a gente lá em casa.

- Lua - eu ouvi me chamarem da forma que só minha vó me chamava, quando eu olhei pra ver quem era, era a Alessandra, eu encarei a mesma - minha filha...

Ela tentou chegar perto de mim, mas eu me afastei, ela deu mais um passo na nossa direção e eu sai dos braços do meu pai e sai da capela que corpo da minha vó estava.

Fiquei do lado de fora encostada na parede e logo meus irmãos apareceram e vieram na minha direção, abracei os dois e ficamos conversando, eles tentando me fazer rir e tudo, são dois palhaços, ligaram até pro tio índio, fiquei conversando com o pai deles um tempão.

Horas depois meu pai saiu e veio ao nosso encontro, cumprimentou os meninos e mandou a gente entrar, falou que iam fechar o caixão, me deu uma angústia mas eu entrei com eles.
Fomos os três abraçados até onde estava o corpo da minha vó, a Alessandra do outro lado olhando pra gente ou melhor, diretamente pra mim, eu encarei ela por alguns segundos e logo encarei o rosto da minha vó, precisava guarda o rosto dela na minha memória.

Todos se levantaram e fizeram um círculo em volta do caixão, fizeram uma oração e logo fecharam o caixão, essa é a pior parte, senti meu coração sendo rasgado no meio, parecia que tinham tirado uma parte do meu coração...

Vou contar um pouquinho da minha vida.

Tenho 16 anos, morei com a minha vó desde quando tinha 7 anos, a Alessandra me deixou com a minha vó porque o atual marido dela dizia não querer sustentar filha de outro, então ela preferiu priorizar o macho além da filha.

Minha vó teve duas filhas, minha tia Hellen e a Alessandra, minha tia tem um filho e é cheia de gracinhas e eu não faço muita questão de simpatizar.
A outra no caso a minha progenitora tem quatro filhos, Leonardo, Lohan que são os gêmeos e filho do tio Índio que é bandido lá do complexo, eu que sou filha do Roger e o Lucas que é filho do Bruno o escroto e atual marido dela.

𝑬𝒓𝒂 𝒖𝒎𝒂 𝒗𝒆𝒛... 𝑷𝒂𝒏𝒅𝒐𝒓𝒂!Onde histórias criam vida. Descubra agora