Capítulo 79

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Segunda semana de Setembro

Depois daquele dia o Raul sumiu da minha vida, ele literalmente sumiu, saiu daqui antes de eu acordar não mandou uma mensagem nem nada, fiquei o resto da semana dentro de casa, conversei com a Ágatha e combinamos de eu ir pra loja só nas sexta, sábado e no domingo porque é quando o movimento fica maior.

Na sexta-feira eu fui mais cedo, abri a loja e resolvi dar uma limpada, limpei desde o estoque até finalmente chegar lá no salão, peguei o mob coloquei água no mesmo e joguei cloro no chão, dei a primeira passada com o esfregão, na segunda ja subiu um cheiro forte de cloro no meu nariz que a cabeça girou.

Eu apenas apoiei a cabeça na parede e deixei ela girar, senti alguém me segurando e por fim ouvi a voz da Ágatha.

- O Luana que houve doida, ta passando mal? - eu abri apenas um olho e olhei pra ela.

- Garota, girou tudo aqui - falei e ela foi me levando lá pra fora.

- Maior cheirão de cloro Luana, quer se matar? - falou entrando depois voltou com um puf e colocou na porta da loja - fica ai sentada, deixa que eu termino aqui, parece doida.

Eu sentei no puf e pedi uma garrafa d'água pra ela, ela foi pegar pra mim.

- Toma aqui - ela falou me fazendo olhar pra ela, mas os olhos dela estava em outro lugar eu olhei e não acreditei.

Ta o Raul descendo de moto com os três filhotinhos mais a escrota, ela passou de carão e ele super sem graça e eu fui seguindo a moto com os olhos até sumir da minha vista, levantei a cabeça olhando pra cara da Ágatha, balancei a cabeça somente.

Segui o resto do dia como se nada tivesse acontecido, toda hora a Ágatha me perguntava se eu tava bem e eu plena.
Me mandou mensagem falando alguma coisa? Não, então vida que segue também.

Fechamos 20 horas, Ágatha foi pra casinha dela e por sorte o Lohan me levou pra minha mãe, cheguei lá dei um beijo na minha barriguda, 7 meses já, rapidão, o papai índio chegou e nós sentamos pra jantar, só faltou o vacilão do Leonardo pra ta a mesa completa, que ódio desse maluco.

Papai Índio me olhando estranho, encarei ele e dei um sorrisinho, ele assentiu, não demorei pra acabar de comer, levantei da mesa e fui sentar no quintal, bateu uma falta de ar do nada, que isso.

- Tá tudo bem? - ouvi a voz do Índio, ele pegou uma cadeira e sentou do meu lado, eu balancei a cabeça - certeza?

- Uhum - fale dando um sorriso e a lágrima caiu, eu respirei fundo olhando pra cima - deixa de ser idiota garota, não vale a pena derramar lágrima nenhuma - falei pra mim mesma.

- Nem eu entendi quando vi, mas também não procurei saber, mas ele conversou comigo - ele falou e eu virei o rosto olhando pra ele - a situação é complicada né, você de um, os lado os filhos do outro com uma mãe sem noção.

- Eu ja esperava - falei soltando uma risada sarcástica - se ele não parou ela no começo não vai parar agora, Raul nunca vai abrir mão dos filhos dele, vou te falar tem certas coisas que acontece na tua vida que você sente que vai dar errado, mas você segue tentando porque é besta - falei e a gente riu.

- Eu fico te olhando assim, vejo que você não mais aquela garotinha que eu peguei no colo jurando que era minha filha - ele falou e eu abracei ele.

- Você não precisa ser meu pai de sangue pra ser meu pai, eu te considero muito mais meu pai do que o verdadeiro - falei olhando pra ele e ele deu um beijo na minha cabeça.

- Você cresceu Luana, amadureceu muito rápido e eu gosto de você assim, sendo uma mulher que faz o teu sem ligar pro que ta acontecendo ao seu redor.

- Júlio, não adianta eu parar a minha vida pra resolver meus problemas, eu apenas finjo que não aconteceu e sigo em frente, eu vi ele com ela, você acha que eu vou ficar surtando por conta disso? - falei e ele balançou a cabeça negando - então, eu tô seguindo, sabe porque? Ele vai vim atrás - falei dando um sorriso - e eu ja falei que o limite acabou, ele ta achando que vai ficar lá e cá? Fora a que eu vi de moto com ele né, Raul é velho e emocionado, atura a ex porque tem medo dela sumir com os filhos, ela tem ele na mão e isso todo mundo aqui sabe e é por isso que ele pode comer a metade da favela mas depois ele volta com ela - falei e ele concordou com a cabeça.

- Mas eu sou diferente dele e muito diferente dela, eu não vou ir atrás igual a ele e nem bater cabeça igual a ela, eu to te avisando aqui, quando eu seguir a minha vida eu não quero ninguém indo me perturbar, se ele vier de graça eu enfio a faca nele - falei e ele ficou me olhando.

- Tô ligado pô, eu vou dar um papo nele - eu balancei a cabeça.

- Não precisa, eu to te avisando só pra deixar ciente, quando ele aparecer com a barriga fodida você sabe quem foi - falei e ele ficou quieto - eu quero ir embora, mas to com preguiça - falei rindo.

- Dorme ai, dorme com a sua mãe que eu durmo no quarto da Laura, vou te dar essa moral hoje em - falou levantando e eu levantei também e entramos abraçados.

𝑬𝒓𝒂 𝒖𝒎𝒂 𝒗𝒆𝒛... 𝑷𝒂𝒏𝒅𝒐𝒓𝒂!Onde histórias criam vida. Descubra agora