Capítulo 12

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14 de Fevereiro de 2022.

Tô em casa largadona no meu quarto, a barriga fez um barulho anunciando que estava vazia, então levantei da cama e fui na cozinha, to chegando de mancinho.

- Que tipo de empregada é você que não sabe fazer nada direito - ouvi a voz da Fernanda e fiquei só ouvindo - ta vendo essa jarra que você quebrou? Eu vou descontar do teu salário, sua incompetente.

- Qual é a necessidade de falar desse jeito com ela Fernanda? Quem nunca quebrou uma louça na vida? - falei entrando na cozinha - pode ficar tranquila Vilma, ela não vai descontar nada.

- Quem você pensa que é pra me desacatar garota? Essa casa é minha - falou vindo pra cima de mim e eu cruzei os braços.

- A casa é nossa, e é isso mesmo, você não vai descontar de nada porque quem paga o salário dela não é você - falei arqueando uma das sobrancelhas.

- Você é muito abusada - falou pra mim.

- E você é falsa, duas caras. Quando meu pai ta em casa fica mansa, mas quando não ta mostra a verdadeira face né ridícula - ela levantou a mão pra mim. - Vai, me bate.

- Luazinha, vem - a Vilma passou por ela e me puxou, foi comigo até o quarto dela e a gente entrou - não precisava me defender.

- É claro que precisava, ela ta pensando que é quem pra falar desse jeito contigo - falei sentando com ela na cama e abracei a mesma - pode ficar tranquila que esse negócio da jarra não vai dar em nada pra você.

- Obrigada minha linda, vem vamo que eu vou fazer algo pra você comer, ficou trancada no quarto o dia todo, você deve ta com fome - falou levantando e eu levantei sorrindo.

- Tô faminta, vamo sim que eu vou te ajudar. - fomos saindo do quarto e indo em direção a cozinha e a maluca não estava lá, grazadeus...

Comemos e ficamos conversando sobre várias coisas, Vilma pediu pra ver uma foto da minha mãe e eu falei que não tinha, mas que ia pedir uma foto ao Lohan, mandei mensagem pedindo e ele cismou de fazer chamada de vídeo e fez.

- Menina, você é todinha a sua mãe - falou sorrindo pra mim - você não gosta que falem isso né, você tem até uns traços do seu Roger, mas você é todinha a ela.

- É tanta gente falando isso que eu ja to começando a deixar pra lá - falei balançando os ombros.

- Mas você parece minha filha, você pode não concordar, mas sabe que parece - falou e eu assenti.

- E é por isso que tenho minhas desconfianças - a insuportável apareceu na cozinha e se envolveu na nossa conversa.

- Desconfiança de que? - perguntei a ela.

- Desconfio que você seja mesmo filha do Roger, porque desde a primeira vez que te vi não notei nem uma semelhança em vocês - falou e eu levantei da cadeira.

- Mas amor, você não tem que notar e nem desconfiar de nada, ele é meu pai - falei olhando pra cara dela.

- Apartir do momento que eu entrei na vida do seu suposto pai eu posso me envolver sim e irei abrir o olho dele a respeito disso - falou ela e eu ri.

- Porque sei como gente do seu tipo é, gostam de vida boa.

- Como é que é? - perguntei fechando a cara.

- Isso ai mesmo, sua mãe uma favelada ia querer o seu pai pra que? Pra da vida boa a ela lógico - falou dando um sorriso.

- Bem que me falaram que você tem uma boca de bunda. - falei balançando a cabeça.

- O que garota? - falou se aproximando de mim.

- Sim, boca de bunda, porque só sabe falar bosta.

- Isso porque falei a verdade, sua mãe e sua vó se juntaram pra dar golpe do Roger e pelo jeito conseguiram - falou e eu voei em cima dela.

Ela não esperava que eu ia fazer isso, caímos no chão e eu comecei a dar socos na cara dela, ela tentava segurar.

- Aaah, para garota, ta ficando maluca - ela falava tentando segurar minhas mãos e eu dando nela com toda raiva.

Senti me puxarem pela cintura, eu comecei a me debater, olhei pra minha cintura e reconheci o braço.

Meu pai foi me levando até o quarto e me soltou lá, eu olhava pra ele respirando fundo, as lágrimas descendo sozinha.

- O que foi isso Luana? O que deu em você - ele falava parado na porta.

- Eu to de saco cheio dessa mulher, eu tentei respeitar o espaço dela, mas ela não me respeita, ela me trata mal, trata a Vilma mal, trata meus irmãos mal quando eles veêm aqui - eu soltava tudo pra ele e ele apenas me olhando.

- Mas não precisava partir pra agressão - ele falou e eu olhei pra cima pra ver se as lágrimas paravam de descer.

- Precisava sim pai, sabe porque? - ele negou - ela tava falando que eu não sou sua filha por ter semelhança com a minha mãe, ela falou que minha vó e a minha mãe armaram um golpe pra se darem bem nas suas custas.

- Como é que é? - ele falou e logo saiu do meu quarto.

Pronto, comecei a ouvir meu pai falando alto, era ele falando e ela gritando dizendo que eu agredi ela atoa, eu sai do quarto e comecei a prestar atenção no que o meu pai falava.

- NÃO IMPORTA FERNANDA, ELA É MINHA FILHA SIM, NÃO É PORQUE ELA TEM MAIS SEMELHANÇAS COM A MÃE DELA QUE ELA NÃO SEJA MINHA.

- E COMO VOCÊ TEM TANTA CERTEZA? - ela gritou.

- VOCÊ ACHA QUE EU SEMPRE FUI O QUE SOU? QUE EU SEMPRE FUI ESSE CARA QUE VIVIA VIAJANDO A NEGÓCIOS? SOU DE FAVELA TAMBÉM FERNANDA, CONHECI A MÃE DA LUANA NO BAILE FUNK, JÁ USEI DROGAS, JA VIREI MADRUGADAS EM CLARO NA PISTA, SÓ QUE A PARTIR DO MOMENTO QUE FIQUEI SABENDO QUE IA SER PAI, EU MUDEI, COMECEI A PENSAR QUE TEM UMA PESSOA QUE VAI DEPENDER DE MIM E FUI AGIR. - ele gritou pra ela.

- E como você tem tanta certeza que ela é sua? - ela alterada perguntou de novo.

- Você conhece o exame de dna? - ele respondeu a ela - na época sim eu tinha minhas dúvidas, mas quando a Luana nasceu fizemos e sim, a Luana é minha filha. - ele finalizou e o silêncio reinou.

Ele chegou na cozinha e me viu sentada na bancada conversando com a Vilma,  ele me chamou e eu neguei.

- Vem cá Luana, eu quero conversar com vocês - eu neguei de novo.

- Não vou, não tô afim de ouvir aquela mulher falando, ela vai falar da minha vó de novo e não vai prestar.

- Luana, por favor - ele falou e eu neguei de novo.

- Eu vou sair de casa, vou deixar você viver em paz com a tua mulher e ta tudo certo. - falei levantando da cadeira.

- Não Lua, não precisa disso.

- Eu ja engoli muita graça dela e agora eu não vou engolir mais, então é melhor eu sair pra não dar ruim aqui, eu vou lá pra casa da minha vó, eu falei que ia ficar aqui só um tempo e que iria voltar pra lá, em julho eu faço 18 anos esqueceu.

- Eu não gosto de ver vocês assim, vocês se davam tão bem - ele falou e eu neguei rindo.

- Pai eu e ela nunca nos demos bem, ela só se fazia de boa quando você estava em casa, ela maltrata todo mundo quando você não está aqui, hoje só pq a Vilma quebrou a alça da jarra ela humilhou a coitada, ainda falou que vai descontar do dinheiro da mulher. - falei e ele balançou a cabeça.

- Eu te amo muito pai, muito mesmo, mais ficar no mesmo lugar que a Fernanda não dá, eu peço desculpas por essa confusão, mas aqui eu não fico mais - falei e fui abraçar ele, ele retribuiu e deu um beijo no topo da minha cabeça...

𝑬𝒓𝒂 𝒖𝒎𝒂 𝒗𝒆𝒛... 𝑷𝒂𝒏𝒅𝒐𝒓𝒂!Onde histórias criam vida. Descubra agora