Capítulo 38

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Mariane Narrando

Uma semana depois, noite do dia 31.

Eu tava até pensando em ir pra minha mãe passar a virada com ela, mas só por causa do ódio que eu to do Raul eu vou ficar aqui na Penha, ja to sabendo que a ninfetinha dele ta por aqui, Viviane ja me passou o laudo.

Me arrumei e fui pra casa da Vivi, não fiz comida nenhuma, os meninos eu mandei pra minha mãe, a Vivi me chamou pra passar a virada do ano com ela então é aqui que eu vou ficar, se o desgraçado quiser comer, que ele vá na casa da acuviteira da Alessandra, não gosta de ver a filha sentando na piroca do marido dos outros? Então trate de alimentar ele.

Fiquei conversando com ela, assistindo aquela merda de show da virada e a Vivi inventou de sentarmos na porta pra olhar a moda, ano novo aqui na favela parece até carnaval, tanta gente com a roupa engraçada que eu fico só rindo

Sentamos na porta com a nossa cervejinha, levamos o culler pra porta e que comece o desfile.

- Essa eu achei nota dó - Viviane falou de uma doida que passava e eu me escangalhei de rir.

- Dó porque não sabe andar de salto né - falei e ela assentiu.

E sobe moto, desce moto e passa homem, passa mulher, a porra toda, até que vem duas meninas descendo, a viviane olhou e me cutucou.

- Ai ela - eu olhei pro lado e to vendo a ninfetinha do Raul ela vestindo esses terninho preto e uma calça de strass transparente, um salto preto fino e ela estava com o cabelo preso .

- NINFETINHA - gritei e a Vivi arregalou os olhos. - IH ESQUECI O NOME DE GUERRA DELA É PANDORA, VAI O PIRANHA.

Ela parou mas na frente, a menina falou alguma coisa com ela e elas voltaram andar.

- Mari você é maluca, ta querendo arrumar problema? - perguntou me olhando e eu assenti enquanto via a piranha sumindo da minha vista.

Seguimos bebendo, entramos somente pra ver a contagem regressiva, nos abraçamos e voltamos a beber.

Resolvemos ir pro bar do balu, la o povo faz o esquenta pra depois irem pro baile, assim que chegamos ja tinha um pessoal maneiro, vi o desgraçado lá com a tropa dele, ja fui passando meus olhos ora vê se achava a piranha, pelo menos ali ela não tava.

Senti a Viviane me cutucar, olhei pra ela e ela jogou a cabeça pro lado disfarçadamente e eu vi a piranha com os irmãos dela e a outra menina.

- Bora parar por aqui? - Viviane falou e eu neguei.

- Quero parar ali - apontei - quero ficar de frente pra ninfetinha.

- Chega Mari, ja mexeu com a menina - ela falou e eu neguei, fui andando até onde eu queria e parei ficando bem na reta dela.

Fiquei me remexando ouvindo o som e olhei na direção do outro, ele de carão fechado só balançou a cabeça negando e murmurou "Se você fizer alguma coisa com ela, eu vou te arrebentar".

Virei de frente olhando bem pra cara dela, ela me encarando ergueo a sobrancelha, ficou sustentando meu olhar, olha como a ninfeta é abusada, um dos irmãos chamou ela então ela virou, falou algo com ele, ele deu um negócio na mão dela e um copão ja pronto.

Ela entregou o copo pra menina do lado dela e foi tirando o papel do negócio que o irmão deu a ela, colocu na boca, era um pirulito, ela pegou novamente o copo e voltou a me olhar.

Aquilo foi esquentando meu sangue de uma forma, eu dei dois passos e ja senti alguém me puxando e me levando.

- ME SOLTA, TA COM MEDO DE EU ENCOSTA NA TUA PIRANHA - sim eu estava gritando enquanto o Raul me levava.

- Ta cheia de gracinha, doida pra eu sair te pegando na frente de geral - falou me soltando.

- Ela ta me afrontando, você é cego? - falei pra ele e ele negou.

- Te afrontando como? Vi a mina fazendo nada contigo - ele falou.

- Ela ta me olhando - falei e ele balançou a cabeça.

- Se ela ta te olhando é porque você ta olhando pra ela também - ele falou e eu fiquei quieta. - papo reto, fica na moral, vem querer chamar atenção no bagulho não que se eu for cobrado, eu vou cobrar depois de tu, abraça o papo.

- É só você mandar ela parar de me afrontar também, eu cheguei ali quieta - falei.

- Sei, chegou quietinha tu, mas pode ficar suave, vou dar o papo nela também - ele falou e saiu andando.

Fui logo depois e voltei pro mesmo lugar que eu tava, ela e a amiga só nos risos, o irmão dela puxou ela pra trás e os dois sumiram da minha vista, olhei pra onde o Raul estava e ele tinha sumido também.

- Ta vendo - falei pra Vivi - o filho da puta foi encontrar com ela, desgraçado.

- Quem gente? - a Viviane perguntou.

- O Raul Viviane, ele foi encontrar a ninfeta - falei cheia de ódio - ele vai ver só.

- Para de paranóia Mariane, ali o Pará - ela falou apontando pro lado aposto, olhei pra cara dela toda sem graça - você ja ta ficando bêbada, melhor parar de beber.

𝑬𝒓𝒂 𝒖𝒎𝒂 𝒗𝒆𝒛... 𝑷𝒂𝒏𝒅𝒐𝒓𝒂!Onde histórias criam vida. Descubra agora