Capítulo 36

936 89 9
                                    

Luana Narrando

O Raul passou o baile todo me olhando, todo todinho mesmo, isso estava me estressando tanto que eu decidi ir embora.

Falei com os meninos que ia meter o pé, eles pertubaram falando que iam me levar e eu falei que a Ágatha ia comigo.

Saímos do camarote e fomos saindo do baile, o que era de gente me olhando, parece até que sou famosa, por fim saímos daquela multidão e fomos andando.

Seguimos andando na rua e um carro branco veio diminuindo a velocidade do nosso lado, virei pra ver e era o Raul.

- Qual foi cara? bora conversar - ele falava andando com o carro devagar do meu lado e eu ignorando - coé Luana.

- Tenho nada pra falar com você Pará, me deixa - eu falava enquanto ia andando. - melhor coisa que você faz é meter o pé, depois sua mulher fica sabendo que você tava conversando com a putinha vai querer infernizar a minha vida.

Falei e ele acelerou o carro jogando o mesmo em cima de mim, me fazendo parar eu revirei os olhos e cruzei os braços.

- Ta chato em - falei sem paciência - tô cansada, com sono, sai da frente cara.

- Entra ai pra gente conversar, coisa rápida - eu balancei a cabeça negando.

- Nem assunto contigo eu tenho - falei e ele revirou os olhos.

- Vai Luana, ta pertinho da minha casa eu vou sozinha - Ágatha falou me olhando e eu neguei.

- Entra ai, eu dou um bonde pra vocês - ele falou e eu olhei pra Ágatha e ela assentiu.

Abri a porta de trás e entramos nós duas, ele subiu o vidro e acelerou, ele deixou a Ágatha na porta dela e me olhou pelo retrovisor.

- Vou estacionar o carro ali pra nós conversar, jae? - balancei os ombros e ele acelerou.

Entrou numa rua sem saída, estacionou o carro e desligou mesmo.

- Coé, chega ai - eu balancei a cabeça negando e ele passou pra parte de trás do carro - ta difícil pra caralho em.

- Normal - falei e ele ficou me olhando.

- Fiquei sabendo do bagulho que aconteceu, você ta bem? - me perguntou e eu assenti olhando pra frente.

- Tô ótima, to até famosa, dei uns autógrafos no baile e tudo - falei debochando e ele riu fiquei encarando ele.

- Foi mal eu ter sumido - ele falou - eu queria ter ido te ver, mas não deu.

- Tudo bem - falei olhando pra frente.

- Se ta bem porque você não olha pra minha cara? - ele perguntou e eu virei o rosto e encarei ele - eu não podia sair d....

- Eu to falando sério Pará, ta tudo bem, ja passou, eu ja joguei as coisas que aconteceram no passado e eu não quero mais falar disso.

- Jogou no passado o que tivemos também? - eu assenti.

- Foi coisa de momento, você ta feliz com a sua mulher e eu não quero atrapalhar - falei e ele balançou a cabeça.

- Você acha que tudo que a gente viveu foi coisa de momento? - ele perguntou e eu fiquei quieta - em Luana? Não significou nada o que a gente teve?

- Eu não sei Pará - falei e desviei o olhar.

- Pra mim teve um significado muito grande, mesmo que você não acredite, a Mariane ficou sabendo que estava saindo da favela direto, ai ficou me sufocando então pra ela não descobrir sobre você eu dei um tempo, não deu pra avisar porque ela passou a ficar me vigiando e eu com medo dela pegar o seu número no meu telefone eu apaguei - ele falou e eu assenti sem olhar pra ele.

Virei o rosto pro outro lado e passei as mãos tirando as lágrimas que ja estavam prontas pra descer.
Eu tenho que parar com essa porra de chorar, meus olhos ja estão inundados.
Se eu olhar pra ele, ele vai ver e eu não quero parecer uma idiota por está chorando por um cara casado.

- Olha pra mim - ele falou e segui olhando pro lado - você ta chorando Luana?

Eu abaixei a cabeça e pronto, elas caíram, que ódio.

- Me leva embora por favor - falei tentando prender o choro.

- Levo, mas primeiro eu quero que você olha pra mim - ele falou e neguei - coé Luana, olha aqui cara.

Ele falou pegando na minha mão, eu virei pra ele.

- Você ta bem mesmo? Ta precisando de alguma coisa? - ele perguntou e eu neguei.

- Eu to de boa, vivendo um dia de cada vez.

- E as meninas? Ta de boa contigo?

- Elas estão lá na delas e eu to aqui na minha - eu falei e ele me olhou confuso.

- Elas pararam de falar com você? - eu assenti - só por causa disso? - assenti de novo e ele negou.

- Eu não fui exposta sozinha né, acharam fotos da Melissa também, ela ficou com raiva de mim e parou de falar comigo, a Diana me deu block e a Tatiane até hoje não falou comigo - falei balançando os ombros - eu ja estava ciente que isso ia acontecer.

- Você ja sabia? - ele perguntou e eu assenti - como?

- Minha vó me contou em sonho, bem antes disso tudo acontecer, ela falou que uma coisa ia me acontecer e eu ia fazer uma escolha que muitos iam virar as costas e me julgar, foi o que aconteceu, fiquei sozinha, as únicas pessoas que foram me ver, me ouviram e não me julgaram foram minha mãe e meu irmão.

- Eu não te julguei.

- Mas também não foi me ajudar, passei por toda essa tempestade sozinha, isolada porque eu achava que estavam desapontados comigo.

- Eu queria, muito mesmo mas eu te falei da situação, eu não queria a Mariane te perturbando.

- Tem certeza? - perguntei e ele assentiu - hoje você puxou meu braço na frente de todo mundo no baile e eu to dentro do carro contigo, você não acha que ela vai ficar sabendo e vai querer me infernizar?

Ele ficou calado e eu ergui a sobrancelha, peguei meu celular dentro da bolsa e olhei as horas.

- Seis horas, é melhor eu ir embora - falei tentando abrir a porta mas tava trancada - abri lá pra mim

- Eu vou te levar, relaxa - ele falou e neguei - ta longe da casa da tua mãe cara, eu vou te deixar lá na porta...

Ele parou o carro um pouco depois da casa da minha mãe, eu virei pra olhar pra cara dele e ele desligou o carro virando o rosto pra mim.

- Feliz natal - falei antes de sair do carro.

- Posso te dar um abraço pelo menos? - ele perguntou e eu fiquei pensando, balancei a cabeça assentindo.

Nos abraçamos e o cheiro dele entrou firme no meu nariz, eu me afastei dele e a gente ficou se encarando, eu balancei a cabeça negando.

- É melhor eu ir, abre a porta - falei rápido e ele soltou uma risada.

- Não quer sair daqui né - ele falou mas eu fiquei quieta - eu vou pra onde você quiser só me falar.

- Abre a porta garoto, deixa eu sair antes que dar ruim - falei e ele riu destravando a porta - obrigada.

Falei abrindo a porta e saindo rápido, a rua vazia graças a Deus, fui rápidinho pro portão da minha mãe, abri o mesmo e entrei...

𝑬𝒓𝒂 𝒖𝒎𝒂 𝒗𝒆𝒛... 𝑷𝒂𝒏𝒅𝒐𝒓𝒂!Onde histórias criam vida. Descubra agora