Nossa!!!!!!!!

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Trabalha aqui, ah muito tempo?
A voz dela é grave, e ela está me olhando, olhos cinzentos e muito concentrado. Enrubeço mais ainda, por que diabos ela me causa esse efeito? Sinto como se eu tivesse quartoze anos, canhesta como sempre, e desolada, olhe para frente Carla!!!

Quatro anos, murmuro quando chegamos ao nosso objetivo. Para me distrair, abaixo-me e escolho duas larguras de fita adesiva para pintura que temos em estoque.

Vou levar essa......
Mendonça, diz em voz baixa apontando para fita mais larga, que passo para ela. Nossos dedos se encostam muito breviamente, e a corrente se manifesta de novo  , percorrendo todo o meu corpo, como se eu tivesse encostado em um fio desencapado, bem lá no fundo de mim, no lugar escuro e inexplorado. Desesperada, tateio em volta procurando me equilibrar.

Mais alguma coisa? Minha voz é rouca e arfante. Os olhos dela se arregalam ligeiramente.

Um pedaço de corda eu acho. A voz dela espalha a minha rouca.

Por aqui!!! Abaixo a cabeça para esconder meu rubor recorrente e sigo para o corredor.

De que tipo proucura? Temos cordas de fios naturais e sintéticos.....
Barbantes.... cabos..... Emudeço diante da expressão dela, de seus olhos ficando sombrios. Caramba.

Vou levar, quatro metros e meio de corda de fios naturais, por favor. Rapidamente, com dedos trêmulos, meço quatro metros e meio com a régua fixa, consciente de que seu olhar quente e cinzento está sobre mim. Não ouso encara-la. Nossa será que eu poderia me sentir mais inibida? Pegando o estilete no bolso traseiro da minha calça, corto a corda e a enrolo antes de amarra-la com um nó corrediço. Por algum milagre, consigo não amputar um dedo com estilete.

Você foi escoteira? Pergunta,  os lábios esculturais e sensuais re-puxados num sorriso. Não olhe para a boca dela!!! Diz meu sub conciente.

Atividades organizadas, não são a minha praia, Sra. Mendonça.

Ela ergue uma sombrancelha...

Qual é a sua praia, Maiara?
Pergunta ela de novo com aquela voz suave e sorriso misterioso. Olho pra ela incapaz de me expressar, estou em placas tectônicas móveis. Tente ficar calma, Maiara, implora de joelhos meu inocente torturado.

Livros, murmuro, mais no íntimo meu incociente está gritando: você! Você, é minha praia! Faço-o, se calar estantaniamente com as aspirações exageradas que minha psique está tendo.

Que tipo de livros? Ela inclina a cabeça, por que está tão interessada?

Ah, você sabe. O normal, os clássicos, literatura inglesa, principalmente.

Ela esfregar o queixo com o seu esguio polegar e indicador ao contemplar minha resposta. Ou talvez esteja muito entediada e esteja tentando disfarçar isso.

Precisa de mais alguma coisa? Tenho que me livrar desse assunto, seus dedos na quele rosto são muito sedutores.....

Não sei! O que mais você me recomendaria?

O que eu recomendaria? Eu nem sei o que você tá fazendo.

Para uma prática de bricologem? Ela balança a cabeça, os olhos cheios de malícia. Enrubesço e meu olhar desvia espotaniamente para sua calça justa.


Macacões, respondo e sei que já perdi o controle do que sai da minha boca.

Ela ergue a sombrancelha, achando graça de novo.

Você não ia querer estragar sua roupa. Faço um jesto vago na direção de sua calça.

Eu sempre poderia tirá-las.
Ela dá um sorriso afetado.

Hum....
Sinto meu rosto ficar novamente vermelho, devo está da cor do manifesto comunista. Pare de falar, pare de falar agora, grita meu conciente.

Vou levar uns macacões, Deus me livre de estragar qualquer roupa.
Diz ela, secamente. Tento descarta a imagem inoportuna dela sem o jeans.

Precisa, de mais alguma coisa? Dou um grunhido ao lhe entregar os macacões azuis. Ela ignora minha pergunta.

Como está o artigo? Finalmente  me faz uma pergunta normal, sem insinuações e fora da confusa conversar sem pé nem cabeça.... uma pergunta aqual posso responder. Agarro-a com unhas e dentes como se fosse uma tábua de salvação, e escolha a honestidade.

Não o estou redigindo, Maraísa é que está a Srta. Henrique, a moça com quem divido a casa, ela é a redatora. Está muito feliz com ele, é a editora do jornal, e ficou arrasada por não ter podido fazer a entrevista pessoalmente. Sinto como se estivesse subido para respirar. Finalmente uma conversa normal. Há única preocupação dela é que não tem nenhuma fotografia sua.

Que tipo de fotografia ela quer?
Tudo bem, eu não contava com essa resposta, balanço a cabeça. Porque simplesmente eu não sei.

Bem, estou por aí, amanhã talvez......

Estaria disposta a fazer uma sessão de fotos? Minha voz estão de novo estridente. Maraisa ficará no sétimo céu se eu conseguir isso. E você poderia vê-la de novo amanhã, aquele lugar escuro na base do meu cérebro, murmura sedutoramente pra mim. Descarto a ideia, que bobagem, é ridículo.......

Maraisa vai ficar encantada, se agente conseguir encontrar um fotógrafo, estou tão satisfeita , que abro um largo sorriso pra ela. Ela entre abre os lábios, como se estivesse sugando o ar com força para os pulmões, e pisca por uma fração de segundo, ela aparece de alguma forma perdida, e aterra se desloca ligeiramente em seu eixo, as placas tectônicas deslizando para uma posição nova.

Minha nossa!!!!! Marília Mendonça parece perdida.

Uma estrelinha 🥺

Cinquenta Tons De Cinza (Adapt Mailila)Onde histórias criam vida. Descubra agora