Entendo Ela é Sua Namorada...

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Preciso me esforçar para conter o riso, então fixo os olhas no chão, sentindo minhas bochechas ficarem rosadas. Quando olho disfarçadamente para Mendonça, ela tem um vestígio de um  sorriso nos lábios, mais quase não dá para ver, o jovem casal não diz nada, e vamos até o terrio num silêncio constrangedor. Nem ao menos tem aquela música ambiente suave para nos distrair. As portas se abrem e para minha surpresa, Mendonça pega minha mão apertando-a com seus longos dedos frios. Sinto a corrente me percorrer, e minha pulsação que já estava rápida, dispara. Enquanto ela me conduz para fora do elevador, da para ouvir as risadinhas contidas do casal, irronpendo atrás de nós. Mendonça sorrir.

O que será que os elevadores tem?
Murmura ela. Atravessamos o vasto saguão movimentado do hotel em direção a entrada. Mais Mendonça evita porta giratória, e me pergunto se é porque ela teria que soltar minha mão.

Lá fora é um domingo ameno de maio. O sol brilha e há pouco tráfego. Mendonça vira a esquerda e caminha até a esquina, onde esperamos o sinal abrir. Ela continua segurando minha mão. Estou na rua e Marilia Mendonça está segurando minha mão. Ninguém já mais segurou minha mão, estou tonta e toda formigando. Tento conter o ridículo sorriso que ameaça corta meu rosto em dois. Tente ficar calma, Maiara, implora meu inconsciente. O homenzinho verde aparece e lá vamos nós de novo, andamos quatro quarteirões antes de chegar em Portland Coffee Huouse, onde Mendonça solta minha mão para abrir a porta , pode entrar.

Porque não escolhe uma mesa, enquanto eu pego as bebidas? O que você vai querer? Pergunta ela mais Cortez que nunca.

Vou querer....... hã.....um chá preto, com o saquinho aparte.

Ela ergue as sobrancelhas.

Nada de café?

Não gosto de café.
Ela sorrir.

Tudo bem, chá com o saquinho aparte, doce? Por um momento, fico aturdida, achando que é uma palavra carinhosa, mais infelizmente meu inconsciente se manifesta com os lábios contraídos
Não, burra, você quer seu chá adoçado?

Não, obrigada. Fico olhando para os meus dedos entrelaçados.

Alguma coisa pra comer?

Não, obrigada. Balanço a cabeça e ela se encaminha para o balcão.

Discretamente, olho para ela enquanto está na fila aguardando ser atendida. Eu poderia passar o dia inteiro olhando para ela..... é alta, tem ombros largos é esguio, e o jeito que aquelas calças, caem nos seus quadris...... aí meu Deus. Uma ou duas vezes ela passa aqueles longos dedos  graciosos pelo cabelo agora seco, mais ainda revolto. Hum.... eu gostaria de fazer isso. A ideia vem a cabeça espotaniamente, e fico como rosto em chamas, mordo os lábios e volto a olhar pra minhas mãos, não gostando do rumo que meus pensamentos rebeldes estão tomando.

Um centavo, pelos seus pensamentos? Mendonça volta e me pega de surpresa.
Enrubesço. Estava pensando em passar os dedos em seu cabelo e me perguntando se seria macios. Balanço a cabeça. Ela está trazendo uma bandeja, que deixa sobre a mesinha redonda de fórmica. Mendonça me entrega uma chicara com um pires, um pequeno bule de chá e um pratinho com o saquinho solitário com o rótulo TWININGS ENGLISH BREAKFAST, o meu preferido, para ela há uma xícara de café com um lindo desenho de uma folha na espuma do leite. Como eles fazem isso? Eu me pergunto. Mendonça também comprou um Muffin de Blueberry  para ela. Deixando a bandeja de lado, ela se senta a minha frente e cruza as pernas compridas. Parece tão confortável tão avontade em seu corpo, que inveja. Aqui estou eu toda atrapalhada e descoordenada, quase incapaz de dar um paço sem cair de  cara no chão.

No que está pensando?
Pergunta ela.

Este é o meu chá preferido, falo baixo, quase ofegante, simplesmente não posso acreditar que estou sentada com Marilia Mendonça num café em Portland, ela franze a testa, sabe que estou escondendo alguma coisa, ponho o saquinho de chá no bule e quase imediatamente o retiro com a colher, enquanto coloco o saquinho usado no prato, ela inclina a cabeça e me olha intrigada.

Gosto do meu chá puro e fraco. Murmuro á guisa de Explicação.

Entendo... ela é sua namorada?
Que.... o que.....

Quem?

A fotógrafa, Japinha. Dou uma risada, nervosa porém curiosa. O que lhe deu essa impressão?

Não. Japinha é uma grande amiga minha, só isso. Por que achou que ela fosse minha namorada?

Pelo jeito como você sorrio pra ela, e ela sorrio pra você. Seu olhar prende o meu. É enervente, quero desvia os olhos mais estou presa, enfeitiçada.

Ela é mais como uma pessoa da família.
Murmuro.

Mendonça acente com a cabeça, aparentemente satisfeita com a minha resposta, e olha para seu Muffin, seus dedos esguios puxam com destreza o papel, e observo fascinada.

Não esqueçam da 🌟

Cinquenta Tons De Cinza (Adapt Mailila)Onde histórias criam vida. Descubra agora