2.

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Ultimamente as coisas na favela estão muito tranquila, eu estou me matando de trabalhar, não tenho sossego, nem folga e nem paz.

-ret, o caminhão de mudança tá na lá entrada do morro, disse que não é autorizado subir - cabelinho diz bolado.

- pô era só que faltava mermo- me levanto saindo da minha sala.- escuta geral aqui, preciso de uns neguinhos pra ir buscar os móveis no caminhão - digo alto - bora bora.

Alguns se levantaram e foram pra entrada, peguei minha moto e desci pra lá também.

Chegando lá vejo os vapores tudo bolado na entrada, mas logo todos olharam pra mim e ficaram calados.

- oque tá pegando aqui?- digo chegando perto dos cara de braços cruzados.

- esses merreca aí não quer subir o morro- menor diz bolado

Olho para os caras do caminhão

- desculpa essa confusão toda, mas eu não sou autorizado a subir o morro, meu patrão não permite senhor - o homem diz.

- ele vai nem saber parceiro, tu deve é está com medo ai- digo olhando serinho pra ele

- senhor eu sou rastreado, todo meu percurso, apenas estou fazendo meu trabalho - o cara fala parecendo está com medo.

Antes que eu pudesse falar a garota se intromete e se pronunciar.

- se você não podia subir o morro tinha avisado antes moço, gastaria menos estresse - a garota fala com os braços cruzados andando pro lado e pro outro.

Nem tinha prestado atenção nessa intrometida.

- fica na tua que o papo de adulto, não de criança! - digo sério pra ela que arqueia as sombrancelha.

Ela ia falar algo mas a Dona Maria deu uma olhada pra ela ficar quieta.

- então coloca os bagulhos pra fora que os parceiro vai levar - digo e o cara do caminhão chama mais um que veio junto com ele .

Eles colocaram os móveis pra fora, e os caras que trabalham lá na boca estavam levando no carrinho de mão.

Cada um estava com o carrinho de mão, e foram levando até a casa da dona. Tinha acabado os móveis e o cara do caminhão já tinha ido embora, só sobrou os vapores que ficam na entrada, eu e a Dona com a filha intrometida dela.

- muito obrigada filho- dona Maria vem pra perto de mim segurar minha mão - Deus te abençoe.

- se precisar tamo aqui dona- digo e logo meu olhar se encontra na intrometida.

Sua mãe olha pra ela como se fosse pra ela falar algo.

- obrigada pela ajuda "senhor"- no final ela dá um sorriso forçado.

Olho pra ela serinho e ignoro subindo na minha moto, não vou me estressar com essa garota hoje não.

...

Já estava anoitecendo, hoje era domingo e eu acabei ficando o dia todo na boca novamente, minha coroa não vai gostar nada.

Vou andando pra casa porque minha moto furou o pneu, então já sabe, estava boladão indo a pé.

- boa noite filho

Olho procurando quem falou e vejo a dona Maria.

Faz uma semana que ela se mudou pro morro, não tive problema nenhum com elas, até porque não vejo ela saíndo de casa.

- boa noite dona - olho vendo ela e sua filha- estão indo aonde?

- estamos indo pra igreja, vem com a gente - dona Maria diz sorridente.

Eu aprendi que não se recusa convite pra ir a igreja, mas eu tô cansadão.

- dona sei não, tô cansadão e ainda tenho que ir tomar banho e pá - digo achando que ela mudaria de ideia.

- que nada filho, a Ana te acompanhar enquanto você se arruma, aí vocês vem junto pra igreja - ela diz com um sorriso e logo a garota arregala os olhos - eu tenho ensaio agora, se não tivesse eu te acompanhava.

- mãe? Eu não vou espera ele não - a garota diz.

- vai sim- ela logo vira me olhando - por favor não recuse esse convite filho - dona Maria diz

Eu já coçava a cabeça estressado, mas a mulher é tão boa comigo, porque não né?

- aceito o convite - digo - vou indo pra casa me arrumar, já já broto lá.

Vou indo achando que a garota não vinha.

- tu mora perto pelo menos né?- a garota pergunta.

Olho serinho pra ela.

- fica quieta criança

Ela abre a boca fingindo estar surpresa.

VIVAZOnde histórias criam vida. Descubra agora