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Ana

Meu celular começa a tocar e eu me retiro da sala atendendo.

- mãe?

- oi filho

- iae? O pai tá bem?

- graça a Deus está sim, ele está a passando pelos exames, de pressão, sangue pra ver se está tudo bem com ele.

- queria ir aí, mas tá ligada que nem dá pra colar no hospital né, polícia me marcou maneiro.

- daqui a pouquinho ele consegue alta e vocês dois podem se ver o tempo todo.

- Jae, vou desligar aqui, qualquer fita me avisa pra mandar algum vapor te buscar beleza?

- fica tranquilo!

...

- Ana Clara?- a mulher da recepção me chama e eu me aproximo.

- oi?

- você é a responsável pelo Gabriel certo?- afirmo e ela se aproxima pra falar baixo- Ana, o Gabriel ganhou alta, porém ele tem que cumprir com as fisioterapia, ele não pode ficar aqui porque se por acaso chegar na polícia que ele está vivo, vai dá problema pra gente.

O Hariel ameaçou os médicos e enfermeira desse hospital na pista, disse que se eles não fizesse o pai dele voltar ia todo mundo morrer, alguns tentaram chamar a polícia, porém ele disse que a polícia até poderia levar ele, mas os vapores dele iam matar cada um e cada família cada um e pegar fogo no hospital.

E por vontade própria deles, eles aceitaram, Gabriel ficou aqui internado por dois anos, na última sala do corredor do último andar.

Foram várias formas de tentar reviver-lo com choque, com tudo que elas podiam. Até que funcionou, o coração voltou a bater graças a Deus, porém ele não acordou.

- tudo bem- digo - vou resolver algumas coisas e já já assino a alta dele!- digo séria e a mulher assenti aliviada.

...

Entro no quarto do hospital onde o Gabriel estava, e ele estava acompanhado por dois homens, Gabriel estava apoiado no ombro dos dois e fazendo a movimentação das pernas.

- que ótimo, já está andado perfeitamente, era só aquecer um pouco - um homem de branco diz enquanto segurava o Gabriel.

- pô, não tenho tempo ruim não doutor, tá ligado que eu sou o brabo né - Gabriel diz dando risadinha.

- cheio de graça né - digo rindo dele e ele me olha todo feliz, nem tinha percebido minha presença ali.

Na mesma hora ele vem ate mim, mas andava devagar.

- olha aí Doutor Paulo, foi só ver o amor da vida dele que já andou normal - um dos médicos diz dando risada e eu dou um sorriso sincero ao meu olhar encontrar com o dele.

- vou deixar vocês a sós - os dois fisioterapeuta se retiram deixando nós dois ali.

Permaneço calada olhando pro Gabriel, seu perfil não era dos melhores mas ele continuava lindo. Lembro do primeiro dia que conheci ele, era um grosso mal educado.

- parece que cada tem que passar tu não envelhece - Gabriel diz colocando meu cabelo atrás da orelha.

- lembro do primeiro dia que te conheci, quando cheguei com minha mãe no pé do morro, você me olhou com uma cara tão feia quando briguei com o moço do caminhão.

- eu nem gostava de tu - ele riu- toda chata pô, pior foi quando tu me seguiu até minha casa só pra eu ir pra igreja.

- eu nem queria ir, minha mãe que me obrigou, tinha tanto medo de você e olha aí com quem estou hoje- ele dar um sorriso e beija mim testa.

Ele estava todo acabadinho, barba cheia cabelo sem corte, o cabelo que ele tinha pintado de rosa tava rosa só nas pontas, até tentei cortar o cabelo dele mas não ficou muito bom não, porém ficou melhor do que deixar ficar maior que o meu.

Ele tava mais magro, seu corpo forte não era o mesmo, seu rosto enrugado quando sorria, a gente envelheceu juntos.

-esqueci de te falar, você vai embora hoje- digo e ele sorrir agradecendo a Deus.

- pô tô precisando de um banho e da um trato no visual tá ligada - Gabriel se senta na cama passando a mão no rosto - tô acabado parceiro, sei nem como tu ainda me quer.

- nem eu- digo zoando ele que me olha com cara feia e eu dou risada fazendo ele rir.

VIVAZOnde histórias criam vida. Descubra agora