Vi o dia amanhecer, minha coroa chorar e o funeral ser pronto. Meu peito sentia um vazio e uma angustia, dei toda minha proteção e não adiantou de nada.
O corpo já tinha passado pelo IML, o moloque tava no caixão já, e minha coroa do lado dele chorando feito louca.
Ela já passou mal, tomou os remédios de coração, mas ninguém conseguiu tirar ela dali, e eu fiquei em pé vendo essa cena toda, sem cair nenhuma lágrima.
- meus pêsames - cabelinho diz me abraçando de lado- a Ana tá te procurando, não achar melhor contar pra ela?
Eu nem tive a coragem de falar pra Ana pô, mandei os seguranças tranca a casa sem deixar ela sair e desligar a internet pra que ninguém contasse e nem falasse nada.
A Ana não ia levar isso numa boa não, e eu nem tenho força pra ajudar ela.
- no momento certo - digo ainda olhando o Hariel no caixão.
- acho melhor tu ir atrás dela- cabelinho diz se afastando de mim.
Seria agora que eu ia falar pra Ana, era parada louca isso, eu também estava sofrendo e não queria ver ela sofrer como vi minha mãe...
...
- aonde você estava? Eu fiquei aqui trancada Gabriel! Que saco cara, porque fez isso?- Ana grita enquanto eu entro indo direto pra cozinha e ela vem atrás.
- o Hariel morreu...
Foi a única coisa que consegui falar pra ela, imediatamente seus olhos paralisaram sem acreditar, cheios de lágrimas e com a mão já sua boca.
Ana se sentou no sofá sem reação, suas mãos cobriam seu rosto e ela chorava igual criança.
- vamo lá no enterro, vim te buscar - digo sério e ela ainda me olha sem acreditar - se troca, tô no carro te esperando.
Saio de dentro da casa, tô ligado que ela ficou toda triste e pá, eu também tô pô então nem tava no pique de consolar ninguém.
...
A Ana vem em direção ao carro com um vestido preto longo, seus cabelos solto e um óculos escuro no rosto, mas se olhasse bem, conseguia ver seu nariz vermelho de tanto chorar.
- sua mãe como está?- Ana pergunta abrindo a porta do carro e se senta me olhando.
Logo quando ela me viu fumando virou 9 rosto olhando pro lado.
- chorando muito, sem nem oque fazer pra ajudar - digo dando o último trago.
Eu tinha parado de fumar, Ana me ajudou nesses bagulhos, mas hoje não era um dia bom não, e era oque me acalmava agora.
Dou o rumo a pista, tinhas vários segurança escondidos para nossa proteção.
- você disse que tinha parado de fumar - Ana só baixo olhando a estrada.- mas mentiu.
- não mentir - digo sem olhar ela- não tô legal, preciso me acalmar pra não fazer merda, tu não ta ligada o quanto eu tô me segurando pra não meter um tiro na cara de todo mundo que eu ver pela frente.
Ana fica calada até e chegamos na funerária, paro o carro na frente e ela respira fundo, fico olhando ela pelo retrovisor, ela abaixa o óculos e seca as lágrimas, logo depois coloca o óculos de volta e abrir a porta.
...
A funerária não tinha muita gente não, pra não correr risco da polícia invadir, uma hora vinha uns depois já vazavam e vinham outros.
Agora só tinha a minha coroa, a Carolina no seu lado, a Ana e eu.
- amor - digo puxando a Ana que quando olha o corpo logo se vira depressa me olhando.
Puxo ela pro meu abraço, ela chorava que nem criança, o lugar que era silencioso, só se escutava barulho de choro, e eu permanecia ali sem derramar uma lágrima.
- porque isso foi acontecer!?- Ana diz entre soluços - ele só tinha dezoito anos.
- as vezes a gente não pode escolher o destino - digo baixo no seu ouvido dando um beijo na sua testa.
Hariel era o orgulho da minha mãe, moleque foi pra são Paulo só pra estudar, voltou e ia entrar na faculdade e tudo direitinho, mas se envolveu em meio de trocação.
Junto se gente errada na hora errada...
Era isso que eu era, pessoa errada, não era orgulho pra coroa, nunca fui bom exemplo, larguei os estudos logo quando descobri a gravides da Alicia e entrei pra vida errada.
Nunca tive um pai de verdade pra me inspirar, e ensinar oque era errado ou certo, minha mãe sempre tentou, mas eu só não escutei ela e quis viver a loucura desse mundão.
Se pá era eu que devia está no lugar dele, Hariel nem merecia morrer assim!
...
Carolina tinha levado minha mãe embora pra se acalmar, eu fiquei aqui, e Ana também. Ela estava sentadinha quieta, deveria está pensando em tudo e pá.Foi ai que me sentir confortável pra me despedir do meu mano.
- pô, vou sentir tua falta moleque - digo baixo colocando minha mão na sua- vou sentir falta do teu sotaque feio, do teu sorriso errado que eu zoava tanto, vou sentir falta dos teus conselhos, das tua cara de ódio quando eu fazia algo errado, de tu pedindo pra ir prós baile comigo, do teu coração doce, tu foi tudo que eu precisava pô, eu todo errado e tu todo certo, te amo muito irmão. tô ligado que tu era mais cabeça que eu, tu foi o melhor irmão que eu pude ter, cuida de nós aí de cima pô.
Me afasto secando as lágrimas, e vejo o rosto da Ana pra mim todo vermelho de chorar, ela se levantou e me abraçou. Era tudo que eu precisava

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VIVAZ
FanfictionRet recebe a informação que tem moradoras novas no morro, era uma mãe e filha, as duas crentes, mas a primeira impressão de Ana e Ret não foi uma das melhores. Porém eles acabam criando uma aproximação, e descobrindo coisas passadas... 31/10/23