- O que você está fazendo agora, Pran? Queria que você também pudesse falar comigo pra me contar o que está acontecendo...
Ele fica triste e o sinto o meu coração apertando.
- Eu te amo, você entende isso, Pran? Porque não podemos ficar juntos? Nós nos amamos e eu vou ser seu para sempre, você vai ser meu parceiro para sempre. Não podemos mudar isso, somos o que somos, então porque você está fugindo de mim?
Ele fica mais triste, eu paro e fecho os olhos.
- Por favor, não fica assim...
Fico com os olhos fechados e espero, queria realmente saber onde ele está e o que está fazendo. Eu suspiro, abro os olhos e olho em volta.
- Eu estou nas ruínas Pran, me dá só uma dica, você está aqui?
Ele devolve a minha pergunta com amor e saudade, ele está calmo demais para alguém que está prestes a ser pego, mas eu não vou desistir ainda, vou tentar pelo menos até anoitecer.
- As ruínas até que não são ruins durante o dia, Pran, acho que se tirassem os entulhos seria um bom ponto turístico, o templo que foi derrubado na guerra de espécies, seria um bom slogan?
Ele achou isso engraçado.
- As pessoas não sabem ganhar dinheiro hoje em dia, da até pra criar alguma história sobrenatural... Tipo os vampiros atacaram o templo porque uma arma secreta ajudaria no extermínio da espécie.
Dessa ele não gostou.
- O que você acha disso, foi o templo para onde um lobo e um vampiro fugiram para se casar em segredo, se recusando a fazer parte da guerra entre as suas espécies e escolhendo o amor. Tipo Romeu e Julieta.
Ele fica triste, mas se diverte ao mesmo tempo, acho que eu não deveria saber quem são Romeu e Julieta, muito menos a história deles.
Eu olho em volta mais uma vez tentando decidir onde ir, o Pran se assusta e eu olho em volta mais uma vez, será que ele está aqui?
- Pran?
Ele começa a ficar com medo e eu corro, ele pode estar aqu!
- PRAN?
O medo dele aumenta a ponto de tomar conta de mim e eu começo a ficar com medo, olho para todos os lados e quero sair daqui, quero fugir!
- PRAAN!
Ele está apavorado agora e não está aqui, alguma coisa está acontecendo com ele, eu começo a correr para sair das ruínas, eu não sei para onde ir, mas eu tenho que fazer alguma coisa.
- Pran, se acalma, fica comigo, eu vou te encontrar!
Eu corro sem parar, mas isso não está dando certo, não estou sendo rápido o suficiente, jogo a minha bolsa e tiro a minha roupa enquanto corro, em um salto eu deixo o meu lobo sair.
Eu paro e uivo, ele está com medo, mas sente esperança, ele sabe que eu estou indo.
Eu penso em para onde ir, a minha melhor aposta é o castelo, se quisessem ele morto já teriam matado ele, quem quer que seja não foi mandado pelo irmão.
Eu me oriento, uivo mais uma vez para ele saber que estou indo e começo a correr.
Na forma de lobo eu tenho que correr em florestas e campos abertos, tenho que evitar que as pessoas me vejam e também os territórios de outras alcatéias, isso dificulta um pouco, mas nessa forma além de ser mais rápido eu me canso menos.
Eu me concentro no Pran, ele ainda está com medo, está preocupado e irritado, queria poder falar com ele para tentar acalma-lo.
Ficamos conectados por mais ou menos duas horas, então o seu medo e raiva aumentam, eu acelero, devo estar a pelo menos duas ou três horas de distância mantendo esse ritmo, não estou sendo rápido o bastante.
Quando a raiva dele explode como uma bomba eu tropeço nas minhas próprias pernas e rolo pela estrada, sinto tontura e de repente nada, eu fico com medo de algo ter acontecido e me transformo de novo.
- Pran? Pran, você ainda está comigo?
Eu saio da estrada, entro em um milharal e sento em uma pedra, fecho os olhos e abro a nossa conexão, sinto calma, apenas calma, como quando ele está dormindo, acho que fizeram alguma coisa que fez ele desmaiar e dormir. Ele não sentiu dor antes disso apenas a explosão de raiva, ele deve estar bem, eu preciso acreditar nisso.
- Eu estou indo, meu amor!
Eu deixo o lobo sair mais uma vez e corro o mais rápido que consigo.
Quando entro na nossa cidade eu já consigo ver o castelo, a partir daqui eu tenho que correr sem parar antes que me detenham.
Sinto o Pran acordando, ele está confuso, eu olho em volta e entro em um beco, me transformo e me escondo.
- Pran, está me ouvindo?
Sinto o seu amor e fico aliviado.
- Pran, eu estou chegando no castelo, é onde você está agora?
Ele ainda está confuso.
- Foco, Pran!
Ele se surpreende por algum motivo, isso não está funcionando.
- Pran, se concentra em mim, você está no castelo? Se a resposta for sim pense em alguma coisa feliz, se for não... Pense em alguma coisa que te irrita!
Eu espero, sinto ele relaxando e de repente só amor, nem dúvida ou confusão, tristeza, alegria, nada. Esse é o jeito dele bloquear a nossa comunicação, ele não quer que eu vá até ele, então deve estar no castelo.
Eu me levanto e dou de cara com dois homens, não apenas dois homens, guardas reais, um deles olha para mim, estende uma roupa e suspira.
- Porque você fez isso, Pat?
Eu me levanto e pego a roupa, não sei se o Pran consegue ouvir tudo, então tento me desconectar, não quero que ele ouça se alguma coisa acontecer comigo. Não sei como fazer, mas enquanto me visto tento me concentrar, mas não consigo pensar em nada.
- Pran?
Ele leva um pequeno susto, mas logo passa e volto a sentir só o seu amor. Eu suspiro e me olham curiosos, eu tento disfarçar.
- Vocês pegaram o Pran, Gabe?
Ele me olha nervoso.
- Uma matilha trouxe ele para o castelo.
- Ele está bem?
- Claro que está, Pat! Onde vocês estavam com a cabeça quando fugiram? Porque vocês fugiram?
Não adianta tentar dizer que estão tentando matar o Pran, não temos como provar isso, o vampiro que tentou matar ele na primeira vez escapou, o lobisomem eu matei depois que ele contou que o irmão do Pran deu a ordem, foi quando decidimos fugir.
O irmão dele, Wai, aproveitou que o rei estava procurando por ele e colocou matilhas mercenárias para nos caçar, para a minha sorte quem encontrou o Pran não tinha sido contratado por ele.
- Pat, você sabe que isso não vai acabar bem pra você, se ele tem um motivo ou se ele te obrigou a fazer isso, você tem que dizer.
- Eu não tenho nada pra dizer.
Eu não vou me arriscar, vou deixar o Pran contar a versão dele da história.
De repente eu percebo uma coisa, o Pran não reagiu a nada da nossa conversa.
- Pran?
Mais uma vez ele se assusta, então ele só me ouve quando eu falo diretamente com ele?
Olho para frente e os dois me olham curiosos.
- O Pran, vocês vão me levar até ele?
- Você vai para uma audiência.
Merda!
- Porque o rei quer fazer uma audiência?
- Você fugiu com o filho dele, Pat, o que achou que ia acontecer?
- Quando vai ser a audiência, Tom?
- Agora, quando você entrou na cidade já avisaram ele, por isso estamos aqui. Agora vamos de uma vez.
Eles viram e eu espero eles se afastarem um pouco então falo baixo.
- Os guardas estão me levando para o castelo, Pran.
A barreira de amor que ele construiu cai na hora e ele fica nervoso, com medo, triste e agitado.
- Pat!
- Estou indo!
Falo para os guardas e para o Pran ao mesmo tempo.

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Puro Sangue
FanficEm meio a uma fuga para salvar suas vidas, Pat, um lobisomem e Pran, um vampiro puro sangue, são forçados a confrontar suas próprias naturezas e limites quando uma conexão proibida é estabelecida entre eles. Envolvidos em uma relação intensa e peri...