Caminhamos pela feira enquanto a Claire vai olhando as barracas, é o seu aniversário de 20 anos e a trouxemos para escolher o presente que eu vou dar para ela. O Pran fez para um quadro lindo de presente, ele me pediu para descrever como ela era em cada uma das suas vidas, então a pintou como é hoje no centro do quadro, pintou as quatro outras vidas em que foi mulher de um lado, as três outras que foi homem do outro e atras dela estamos ele e eu, cada um com uma mão no seu ombro, para qualquer observador parece uma grande família, apenas nós sabemos o real significado.
Ela para em uma barraca e pega alguma coisa, vira para nós e coloca um colar na frente do pescoço, o Pran acena e ela sorri, nós nos aproximamos, eu peço para colocar os brincos do conjunto junto e pago, eu pego a sacola da vendedora e seguimos ela.
- Não é estranho? - Eu olho para o Pran e ele aponta em volta. - Porque só tem essas barracas, é a primeira vez que vejo a feira tão vazia assim.
- Não sei, talvez tenha acontecido alguma coisa e não ficamos sabendo, esse é o problema de nunca sair de casa...
Ele sorri e acena, vemos a Claire parando em uma barraca que vende velas e incenso, ela reclamou que estava sem para colocar no seu templo. Nós mais uma vez nós aproximamos, ela levanta um incenso e dá para o Pran cheirar.
- O cheiro é bom, filha.
Ela fica encarando ele por tempo demais para ser normal, parece estar em transe, o Pran olha pra mim ansioso e eu seguro o seu ombro.
- Claire?
Ela pisca algumas vezes e me olha nervosa.
- Eu... Acho que a minha menstruação desceu, preciso de um banheiro.
Ela sai correndo e o Pran vai atrás dela, ele está ansioso, então tenho que bloquear os seus sentimentos para ir atrás dele.
- Pran?
- Ela está mentindo, eu teria sentido o cheiro do sangue.
Nós corremos na direção em que ela foi, mas não a encontramos em lugar nenhum.
- Vai por aquele lado que eu vou por esse, Pat!
Eu não gosto de me separar dele, mas gosto menos ainda da nossa filha perdida por aí, corro e vou perguntando se viram ela, quando chego em um templo subo as escadas e entro, vejo ela de joelhos com incensos nas mãos e rezando, me faz lembrar da sua primeira vida, quando eu era criança e ia até o templo que ficava nas ruínas onde ela era xamã.
- Pran, eu encontrei ela, estamos no templo, vem pra cá!
Ele sente um alívio imediato e fica ansioso novamente. Eu vou até ela e me ajoelho ao seu lado.
- Claire?
Ela para de rezar e fica olhando para o nada, de repente ela leva o dedo até a boca e morde ele, eu seguro a sua mão, mas ela desvia e escreve no chão com o próprio sangue, eu vejo o Pran entrando e ele corre preocupado.
- O que ela está fazendo? Princesa? Claire?
Ela não responde apenas continua escrevendo, ele segura a mão dela e eu seguro a mão dele.
- Acho melhor deixar ela continuar.
Ele olha para o sangue no chão e para a mão da nossa filha que continua se mexendo como se ainda estivesse escrevendo, o sangue pinga do seu dedo, o Pran suspira e solta ela. Quando para de escrever ela desmaia, mas o Pran consegue a pegar antes de cair no chão, nós olhamos para o que ela escreveu e eu sinto o meu coração apertando no meu peito enquanto leio.Na escuridão do destino, o fim se aproxima e o encontro fatal se revela.
O assassino e sua vítima, unidos pelo destino, em um último encontro.Alegria ou horror, o que aguarda nesse encontro?
Um sorriso ou um grito de desespero?
O destino traçado, outrora selado pelo sangue derramado.Que a justiça prevaleça ou que o mal triunfe,
A profecia se cumpre, o fim se anuncia.
Alegria ou horror, o destino é selado,
Nesse encontro sombrio, onde tudo é revelado.Alegria ou horror, o desfecho é iminente,
Nesse encontro derradeiro, onde o destino é o presente.- Uma nova profecia...
Eu sinto um arrepio ao ouvir o Pran dizer isso e olho para ele, consigo ver nos seus olhos, chegou a hora, não podemos mais fugir da nossa sina.
Ele deita a nossa filha no chão, se afasta, pega o celular e tira várias fotos, então olha em volta, vai até uma mesa em um canto, pega uma toalha que está sobre ela, volta e passa no chão, o sangue se espalha e não tem nada mais escrito, ele guarda a toalha no bolso e segura a nossa filha.
- Vamos pra casa, Pat.
Eu concordo e vamos para o carro, ele coloca a nossa filha no banco e senta ao lado dela, eu olho eles pelo retrovisor, mesmo com os sentimentos do Pran bloqueados a sua expressão entrega o medo e o sofrimento, eu tenho vontade de me conectar a ele pra saber quão mal ele está, mas isso não ajudaria em nada agora, então eu ligo o carro e vamos para a casa.
Chegamos e levamos a Claire para o quarto, ele deita ela na cama e arruma o seu cabelo, eu a cubro e beijo a sua testa, nós saímos do quarto e o Pran me abraça, sem dizer nada ele segura a minha mão e me leva para o nosso quarto, tira a minha roupa devagar e vai beijando o meu corpo conforme vai me despindo, eu finalmente abro a nossa conexão e sinto a dor e o desespero, ele está com medo, muito medo, não sei se de perder o que temos ou do destino que o aguarda. Quando os seus sentimentos me consomem e me sinto tonto bloqueio ele mais uma vez, seguro o seu rosto e o beijo, se o nosso tempo está acabando nós vamos aproveitar cada segundo.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Puro Sangue
Fiksi PenggemarEm meio a uma fuga para salvar suas vidas, Pat, um lobisomem e Pran, um vampiro puro sangue, são forçados a confrontar suas próprias naturezas e limites quando uma conexão proibida é estabelecida entre eles. Envolvidos em uma relação intensa e peri...