Nós chegamos em uma área restrita do santuário que nunca deixam ninguém se aproximar, tem uma casa pequena e comum, poderia passar despercebida se não fosse pela quantidade de guardas na frente, quando nos vêem eles se curvam, mas não saem da frente.
- Se afastem.
Eles olham para o Pran e um para o outro, um deles dá um passo a frente e se curva novamente.
- Majestade, nós temos ordens de não deixar ninguém entrar.
- Então vocês vão me impedir?
Mesmo falando isso com a voz suave, até para mim o Pran soou assustador. O guarda sai da frente dele e todos os outros fazem o mesmo abrindo caminho, eu entro na frente do Pran e abro a porta, olho para dentro, tem cinco membros do conselho reunidos e o chefe da guarda, me afasto para o Pran poder entrar, fecho a porta e fico na frente dela para ninguém mais entrar até sabermos o que está acontecendo.
Todos se curvam e o Pran começa a ficar impaciente, mesmo assim ele não demonstra nada, agora ele é o príncipe Pran.
- Majestade, vocês deveriam estar no local designado para a sua segurança.
- Eu quero falar com o visitante.
- Não é possí...
A voz do conselheiro some quando o Pran olha para ele.
- Acredito que não fui claro. Eu vou falar com o visitante.
O conselheiro Bill se aproxima olhando sério.
- Isso não é possível, majestade, nós ainda não sabemos o que ele quer, não é seguro.
- Guardas!
O Pran chama sem olhar para trás, eu abro a porta e faço um sinal, os guardas entram hesitantes.
- Chefe da guarda, retire todos dessa sala e não deixe ninguém entrar até eu autorizar.
- Majestade...
Ele se encolhe sob o olhar do Pran, então vira para o conselho.
- Eu sinto muito, mas preciso que vocês saiam.
Os conselheiros olham para ele incrédulos, quando o Pran olha para trás os guardas se aproximam. O conselheiro Bill mesmo parecendo que quer matar alguém não tem coragem de enfrentar o Pran, então ele olha para mim.
- Nós sabemos o que estamos fazendo aqui, isso não é seguro.
- Nós assumirmos a responsabilidade, conselheiro.
Ele me encara irritado e o Pran faz um sinal, os guardas vão para o lado deles e finalmente eles desistem e começam a andar, então o Pran vira para o chefe da guarda.
- O que o visitante disse?
- Nada que faça sentido, apenas que está procurando um lobo chamado Niran, quando dissemos que não tem ninguém aqui com esse nome ele pediu para falar com a princesa.
- Eu vou conversar com ele.
O Pran caminha e o guarda levanta a mão, mas abaixa rápido.
- Majestade, eu não vou te impedir, mas o conselho está certo, não sabemos quem é essa pessoa e o que está procurando, não é seguro.
- Eu sei quem ele está procurando.
O chefe da guarda olha surpreso.
- Quem?
- Um velho conhecido.
O guarda considera por um momento, então acena, vai até uma das portas e abre, o Pran entra e fala sem se virar.
- Pode se retirar, garanta que ninguém vai ouvir a nossa conversa.
- Sim, majestade!
Ele se curva e sai, eu entro e fecho a porta. O velho que está sentado em uma cadeira levanta e se aproxima do Pran.
- Você é o Niran? - ele fica encarando como se procurasse por algo, então nega. - Não, não é você.
Ele passa pelo Pran e para na minha frente, o Pran vira para olhar para nós e sinto que ele está ficando ansioso, é um péssimo momento para ele deixar os sentimentos virem a tona. O homem fica me olhando assim como fez com o Pran e sorri.
- Achei que ia morrer e não encontraria você novamente nessa vida, Niran! - Ele segura a minha mão como se fossemos velhos conhecidos e se aproxima falando mais baixo, mas não o suficiente para o Pran não ouvir.
- Então, ele é a sua princesa?
Eu fico surpreso com a pergunta, mas aceno.
- É a minha Jasmim.
- Claro que é garoto.
- Desculpe, mas o senhor é?
- Ah sim, claro...
Ele vai até uma mala muito estranha, abre e pega alguma coisa de dentro, é algo enrolado em um pano velho, uma espécie de livro ou diário, ele abre e pega uma foto de dentro e me entrega, o Pran se aproxima e eu dou para ele.
- É a madame Kamchita, madame Kam, ela era a xamã do templo em ruínas, a que dizem que desenhou a história no túnel.
- De quantas vidas você já lembrou, criança?
- Como assim?
Ele me encara mais uma vez procurando por algo, então nega.
- Ainda é muito cedo.
- Cedo para o que?
Ele olha para o Pran e sorri.
- Um homem... Isso é curioso, talvez dessa vez as coisas sejam diferentes.
- Me desculpe, mas quem é o senhor?
- Eu sou Myung, mas por enquanto você só me conhece como Madame Kam.
Há um mês provavelmente eu chamaria o velho de louco, infelizmente agora loucura é tudo o que temos.
- Porque o senhor está aqui?
- Essa é a minha sina, encontrar vocês uma vida após a outra, essa é a segunda vez que encontro vocês nessa vida, mas ela já está no fim, espero conseguir ficar com vocês até o fim.
- Fim?
- Encontrar vocês é a minha sina, reviver a mesma história é a sina de vocês. - Ele olha para o Pran e sorri. - Mas talvez dessa vez seja diferente.
- O que vai ser diferente?
- O fim.
Essa história não está indo para lugar nenhum.
- Qual é o fim?
- Isso você vai ter que lembrar sozinho, Niran.
O Pran suspira e nós olhamos para ele.
- Tem algo que você vai realmente nos dizer?
- Está apenas começando, mas eu acho que finalmente a profecia vai ser concretizar.
- O fim da guerra?
- Nunca foi sobre a guerra, é sobre o amor, mas sim, o amor de vocês vai acabar com a guerra.
- Como?
- Você precisa se lembrar, Niran, só assim vai entender o que estão enfrentando.
- Porque o senhor não me conta?
- Você acreditaria?
Eu não digo nada, eu não acredito em metade do que está acontecendo agora.
- O senhor vai ficar aqui?
O velho olha para o Pran e concorda.
- Até o fim.
Eu não sei porque, mas isso soou muito agourento para mim.
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Puro Sangue
FanfictionEm meio a uma fuga para salvar suas vidas, Pat, um lobisomem e Pran, um vampiro puro sangue, são forçados a confrontar suas próprias naturezas e limites quando uma conexão proibida é estabelecida entre eles. Envolvidos em uma relação intensa e peri...