Eu ando de um lado para o outro do quarto enquanto o Pran limpa o corpo da menina deitada na nossa cama, ela deve ter uns cinco ou seis anos, está dormindo desde que encontramos ela na estrada, eu estou preocupado que ela tenha se ferido quando eu a atropelei, mas o Pran acha que ela está bem.
- Pran, não é melhor levar ela para o hospital?
- Você precisa se a acalmar, Pat, eu já disse que ela está bem, eu acho que o carro não pegou nela, provavelmente pulou para fora do caminho e se machucou quando caiu.
- Você acha que é ele?
- Não tem como saber.
- Mas ela nos reconheceu.
- É o que parece, é melhor esperar ela acordar.
A calma do Pran me atinge e isso me irrita, então eu afasto o sentimento dele.
Eu volto a andar pelo quarto, ele levanta e para na minha frente, levanta a minha camiseta a tira, quando abre a minha calça eu fico surpreso, mas deixo ele tirar.
- Se transforma.
- Aqui?
Ele acena, eu não sei onde ele quer chegar com isso, mas eu me concentro e viro lobo, ele passa a mão atrás da minha orelha para fazer carinho.
- Escuta o coração dela, se ela não estivesse bem o coração estaria fraco.
Eu paro e presto atenção, realmente o coração dela bate forte e rápido, isso me deixa mais calmo, então eu me transformo novamente e o abraço, não demora muito e o Pran começa a ficar excitado.
- Sério, Pran?
- Você está pelado me abraçando, não me culpe.
Eu dou risada, em afasto e olho para a criança que está em um sono profundo, seguro a sua mão e levo ele para o banheiro, fecho a porta e beijo o seu pescoço enquanto abro a sua camisa, vou até o seu ouvido e sussurro.
- Quais são as suas ordens, majestade?
Ele fecha os olhos e eu sinto o tesão dele aumentando e me entrego, deixo ele tomar conta de mim e misturo os nossos sentimentos, quando ele vê que eu estou bem ele sorri e me morde.Nós saímos do banheiro e o Pran verifica a criança enquanto eu me visto, ela ainda está dormindo, então saímos do quarto em silêncio. Ele desce as escadas e vai para a cozinha.
- Você vai cozinhar?
- É melhor fazer uma sopa para ela comer quando acordar. Vai na horta pegar alguns legumes?
Eu concordo e saio, pego algumas batatas, cenouras, abobrinhas, acho que pra uma criança é o suficiente, eu entro e o Pran está fritando alguma coisa.
- Se você quiser eu posso fazer.
- Tudo bem, eu faço.
Eu aceno e vou para a pia, lavo tudo para tirar a terra e coloco na mesa, pego uma faca e descasco para ele. Apesar de não comer o Pran gosta de cozinhar, é como uma terapia pra ele assim como a pintura, eu aprendi a cozinhar na minha terceira vida, então consigo fazer qualquer coisa, mas prefiro a comida do Pran.Quando o Pran coloca água e tampa a panela eu vou até ele e seguro a sua cintura, viro ele pra mim e o beijo.
- Vamos nadar no lago hoje?
- Acho que você esqueceu que nós temos visita, Pat.
- Ela está dormindo.
- Mesmo assim, é melhor esperar ela...
Ele para de falar quando escutamos um barulho, nós dois olhamos para o teto e saímos correndo, entramos no quarto e a menina está com um abajur quebrado na mão.
- Foi sem querer.
- Está tudo bem, me dá isso, você pode se cortar.
O Pran vai até ela e pega o abajur, a menina olha para ele e para mim e sorri.
- Oi Pat, oi Pran!
- Myung?
Ela vira pra mim e acena.
- Meu nome é Claire nessa vida.
Eu olho para o Pran e não sei o que fazer.
- Você lembrou da última vida, Pat?
- Lembrei.
Ela parece muito feliz quando vira para o Pran.
- Eu sei que você não lembra de mim, mas eu posso te abraçar, mamãe?
Eu sinto a confusão e alegria do Pran, sinto uma leve tontura e afasto os sentimentos dele.
- Você pode me abraçar, mas acho melhor você me chamar de pai.
Ela concorda e abraça ele, então se afasta e olha pra mim.
- Papai?
- Vem aqui, filho, quer dizer, filha.
Ela vem até mim e me abraça.
- Conta pra gente o que aconteceu, como você veio parar aqui, onde estão os seus pais?
Ela caminha para cama e parece irritada, o Pran sorri e nós vamos atrás dela, ela senta e cruza os braços, nós sentamos no sofá que temos no quarto e esperamos.
- Tudo bem, eu comecei a recuperar as minhas memórias há três meses, os meus pais... - Ela revira os olhos e faz aspas com os dedos. - eles acharam que eu estava louca e me abandonaram em um orfanato, lá me deixaram trancada em um quarto o tempo todo para não assustar as outras crianças, quando eu comecei a entender o que estava acontecendo parei de falar sobre as outras vidas, eles me deixaram sair e ficar com os outros, na semana passada eu fugi e entrei em um ônibus fingindo que estava com um casal, eu me perdi, por isso demorei pra chegar, as lembranças são fracas nessa idade.
- Qual a sua idade, Myung?
- Claire. Eu tenho cinco anos.
Eu olho o Pran preocupado.
- Acha que teremos problemas?
- Não se ela ficar aqui na fazenda, não acredito que vão procurar uma órfã com problemas mentais por muito tempo.
- E os seus pais, Claire?
- Vocês são os meus pais, Pat.
- Sim, mas e os seus pais nessa vida?
- Eles me abandonaram, nem procuraram ajuda médica, só me abandonaram.
Eu dou risada e ela olha pra mim irritada.
- Me desculpe, é que é estranho ver uma criança falando assim.
- Eu sou mais velha que você, Pat!
- E eu sou o seu pai.
Ela me encara por um momento, então acena.
- Tem razão, me desculpe!
O Pran assiste a nossa pequena discussão em silêncio, acho que a situação pra ele é muito mais estranha, pelo menos nós lembramos dos nossos encontros passados, pra ele é tudo novidade.
- Vocês acharam um jeito de quebrar a sina? Quer dizer, vocês estão com uns quarenta anos agora? Isso é surpreendente!
Eu suspiro e nego.
- Nós não achamos uma solução, apenas vivemos aqui nos últimos anos.
Ela esfrega os olhos, o que é muito engraçado para mãozinhas tão pequenas.
- Tudo bem, eu entendo, mas vocês não podem continuar fazendo isso, cada dia que passa vocês estão mais perto do perigo.
Nós não precisamos de ninguém para nós lembrar disso, mas estávamos muito bem ignorando o fato.
Eu suspiro e levanto.
- Acho melhor você comer, vamos contar o que nós fizemos nos últimos anos.
Ela estende os braços para o Pran que primeiro olha surpreso e depois pega ela no colo.
- Estou fazendo sopa de legumes pra você.
- Tem bolo?
- O Pat faz um bolo pra você mais tarde, tudo bem?
- Tudo bem, ma... Papai.
Mais uma vez o Pran fica confuso e feliz, eu sei bem como é. Eu sorrio, vou até eles, abraço a cintura do Pran e os acompanho para a cozinha.

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Puro Sangue
FanfictionEm meio a uma fuga para salvar suas vidas, Pat, um lobisomem e Pran, um vampiro puro sangue, são forçados a confrontar suas próprias naturezas e limites quando uma conexão proibida é estabelecida entre eles. Envolvidos em uma relação intensa e peri...